Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - "Quanto vale o salário mínimo?". A pergunta foi feita aos alunos do 5º ano do Colégio Arquidiocesano de São Paulo e a resposta veio logo em seguida: R$ 678. "O governo diz que uma pessoa tem que receber pelo menos isso para se sustentar", disse Rodrigo Giorjão, 11 anos. O que Rodrigo ainda não sabia é o que esse dinheiro poderia comprar. "Não é muito. Deve ficar apertado. Tem que decidir bem o que fazer", avaliou.
Priorizar. O nome pode ter soado estranho no começo, mas a classe de Rodrigo aprendeu bem o que ela significa quando o desafio é definir como a renda deve ser aplicada. "Comida não pode faltar. Fizemos uma pesquisa para saber quanto custa a cesta básica", destacou. As lições de educação financeira mostraram aos alunos que é preciso colocar na ponta do lápis cada despesa para não deixar faltar o essencial. "Comida, transporte, roupa... E tem também as contas e os impostos", enumerou.
A partir de exemplos práticos, a turma do 5º ano exercitou contas de matemática, aprendeu a ler rótulos de produtos, calculou medidas e, sobretudo, entendeu que o valor do dinheiro pode ser relativo. "A gente viu o quanto é difícil viver com um salário mínimo, mas, mesmo assim, muita gente vive com ele, poupando cada centavo", relatou Helena Figueiredo, também de 11 anos. Ao olhar as vitrines do shopping, Helena agora sabe o que seria possível comprar com o valor descrito na etiqueta. "Eu já vi um casaco que custava um salário mínimo!", disse, admirada.
A coordenadora do projeto, Carolina Riego Lavorete, que é professora de matemática, explicou que, além de abordar os conteúdos das disciplinas, a temática permite trabalhar valores éticos e humanos. "Quando a gente faz o link do que eles gostariam de comprar com o que é possível adquirir com o salário mínimo, eles acabam refletindo. A gente fala sobre o poder da mídia de influenciar os nossos desejos de consumo e eles começam a pensar: será que eu preciso disso? Refletir sobre isso desde cedo, é muito importante", avaliou.
O consumo consciente foi um dos aprendizados adquiridos por Rodrigo. "Acho que devemos comprar açúcar orgânico e outros produtos também. Eles são mais saudáveis, não têm aditivo químico e não prejudicam o meio ambiente", destacou. Para garantir a compra adequada dos produtos, ele garantiu que passará a acompanhar o pai nas idas ao supermercado. "Às vezes meu pai pensa que eu sou meio exagerado nessa questão de ecologia. Quero convencê-lo de que isso é o melhor", declarou.
Edição: Juliana Andrade
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