Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Operários de fábricas de tecidos de Bangladesh promoveram hoje (29) um protesto, na área industrial, da capital Dacca. Os trabalhadores exigem a pena de morte para o dono do prédio comercial que desabou, há uma semana, causando mais de 370 mortes. Sobreviventes contaram ter alertado o proprietário do edifício sobre as rachaduras, mas receberam ordens para voltar ao trabalho. O histórico de insegurança no trabalho é antigo em Bangladesh.
Os administradores das 4,5 mil unidades de fabricação de tecidos do país deram dois dias de folga, no fim de semana, na tentativa de amenizar o clima de tensão. O chefe da polícia local, Badrul Alam, disse que havia mais 15 mil manifestantes na zona industrial de Dacca. Na tentativa de dispersar os manifestantes, a polícia disparou balas de borracha e lançou gás lacrimogêneo. "Eles bloquearam as estradas e gritaram ‘enforquem Rana'", disse Badrul Alam referindo-se ao dono do edifício.
Os sobreviventes do desabamento contaram que, antes do acidente, eram visíveis as rachaduras no prédio, mas os patrões ordenaram aos funcionários que regressassem às linhas de produção. Cinco fábricas operavam no prédio, de oito andares em Savar, nos arredores de Dacca.
Bangladesh é o segundo país em produção de roupa, perdendo apenas para a China, e a indústria têxtil é a base da sua economia. Mas os índices de segurança no trabalho são alarmantes. As redes de roupas britânica Primark e a espanhola Mango admitiram vender roupa produzida nas fábricas instaladas no edifício que desabou.
O acidente levou a novas acusações de ativistas de que as multinacionais ocidentais colocam os lucros à frente da segurança ao produzir os produtos em países, onde os trabalhadores ganham menos de US$ 40 por mês. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou, na sexta-feira (26), um apelo às autoridades de Bangladesh e aos parceiros sociais do país para que ajudem a criar locais de trabalho seguros.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa.
Edição: Talita Cavalcante