Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Analistas do mercado financeiro ajustaram a projeção para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5,70% para 5,71% em 2013. Essa é a mediana (que desconsidera extremos nas projeções) das expectativas das instituições financeiras pesquisadas todas as semanas pelo Banco Central (BC). Para 2014, a projeção para o IPCA permanece em 5,71%.
As projeções para a inflação neste ano e em 2014 estão acima do centro da meta de 4,5% e abaixo do limite superior (6,5%). Uma das funções do BC é fazer com que a inflação convirja para a meta. Para isso, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic.
Na última quinta-feira (25), o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, disse que cresce a convicção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá “ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária [da taxa Selic]”.
Já na ata da reunião do Copom, divulgada também na quinta-feira, a avaliação do colegiado é que a inflação mostra resistência, mas “incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária [definição da Selic] seja administrada com cautela”.
No último dia 17, o comitê decidiu, por 6 votos a favor, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 7,5% ao ano. Araújo foi um dos diretores que votaram pelo aumento da Selic. Apenas dois diretores votaram pela manutenção da Selic em 7,25% ao ano.
De acordo com a ata da reunião do Copom, o colegiado entendeu que havia necessidade de elevar a taxa Selic para neutralizar os riscos de que a inflação continue alta, principalmente no próximo ano. Entretanto, para os dois diretores, que votaram pela manutenção, não seria recomendável um aumento imediato da Selic, porque está em curso uma reavaliação do crescimento global e isso pode trazer repercussões favoráveis para a dinâmica dos preços no país. Mas essa análise não foi respaldada pela maioria do colegiado.
No discurso na semana passada, o diretor disse que o BC “dispõe – e está fazendo uso – do instrumento de política [taxa Selic], que, por excelência, destina-se a combater a inflação e o faz com eficácia”. Araújo ressaltou que, embora reconheça que a inflação e as projeções para os preços estejam elevados, não há descontrole. “Vou discordar daqueles que argumentam que a inflação no Brasil está fora do controle. Não está e nem estará”, enfatizou.
De acordo com a pesquisa do BC, os analistas do mercado financeiro esperam mais elevações na Selic, que deve encerrar 2013 em 8,25% ao ano. Para o final de 2014, a estimativa foi reduzida de 8,50% para 8,25% ao ano.
A pesquisa do BC também traz estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que foi mantida em 5,12%, em 2013, e em 5%, no próximo ano. A expectativa para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi ajustada de 4,80% para 4,81%, este ano, e mantida em 5,10%, em 2014. Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a estimativa passou de 4,91% para 4,92%, este ano, e de 5,30 para 5,31%, em 2014.
A expectativa dos analistas para os preços administrados foi mantida em 2,85%, em 2013, e ajustada de 4% para 4,10%, no próximo ano.
Edição: Juliana Andrade
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