Rússia ameaça mudar acordos de adoção com países que aceitam casamento homossexual

26/04/2013 - 15h46

Da Agência Lusa

Moscou - O presidente russo alertou hoje (26) que Moscou pode modificar os acordos de adoção de crianças firmados com países que autorizem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, três dias após a França ter seguido esse caminho.

"Considero correto fazer modificações nos tais documentos. É uma questão atual e temos de pensar sobre isso", disse o presidente russo durante uma reunião com deputados.

O alerta de Vladimir Putin surge três dias depois de o Parlamento francês ter autorizado o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo.

"Devemos reagir ao que está acontecendo a nossa volta. Respeitamos os nossos parceiros, mas também pedimos que respeitem as tradições culturais e normas éticas, legais e morais da Rússia", acrescentou, citado pela agência francesa de notícias AFP.

O comentário de Putin, segundo a rádio francesa RFI, surgiu em resposta à deputada Marina Orgueeva, que, evocando o caso francês, sugeriu que fossem feitas alterações nos acordos franco-russos de adoção de crianças.

A deputada russa mostrou-se preocupada com a possibilidade de crianças russas poderem ser adotadas por casais homossexuais, acrescenta a mesma fonte.

O presidente russo não especificou, contudo, quais as alterações que podem ser feitas nesses acordos.

Em diversas ocasiões, as autoridades russas já tinham afirmado que o reconhecimento do casamento homosexual reduziria as possibilidades de esses países poderem adotar crianças russas.

Na terça-feira (23), a França passou a ser o 14º país a aprovar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, juntando-se assim ao grupo de oito países europeus com a mesma legislação: Portugal, Holanda, Bélgica, Espanha, Noruega, Suécia, Islândia e Dinamarca.

No final do ano passado, o Parlamento russo adotou um decreto-lei, assinado por Vladimir Putin, que proibiu a adoção de órfãos russos por famílias norte-americanas.

A lei, que entrou em vigor em janeiro, foi vista como uma retaliação de Moscou à decisão dos Estados Unidos de impor sanções a oficiais russos acusados de violar direitos humanos.

A Rússia descriminalizou a homossexualidade em 1993, mas a homofobia ainda é bastante generalizada no país.