Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A série de reportagens do programa Nova África, que mostra o continente e suas diversidades culturais do ponto de vista do próprio africano, com ênfase tanto nos problemas regionais do continente, como no desenvolvimento de soluções a partir dos próprios personagens locais, deu à TV Brasil o Prêmio Camélia da Liberdade.
Em sua 7ª edição, o Prêmio Camélia da Liberdade visa a incentivar instituições públicas, universidades, governos, empresas e veículos de comunicação a desenvolver projetos de ações afirmativas, de valorização da diversidade e inclusão étnica nos seus quadros e que, ao longo do ano, tenham demonstrado compromissos concretos com a inclusão dos afrodescendentes na sociedade brasileira.
O Nova África recebeu do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), o Camélia da Liberdade Ação Afirmativa, Atitude Positiva, na categoria Veículo de Comunicação. O prêmio foi pela primeira temporada do Nova África, exibida pela primeira vez em 2009 e produzida pela Baboom Filmes.
Em seus 26 episódios, o programa ouviu trabalhadores, políticos, intelectuais, artistas e ativistas sociais africanos, revelando facetas do continente pouco conhecidas pelos brasileiros. Ao comentar a premiação para o Portal da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a diretora de jornalismo da empresa, Nereide Brandão ressaltou o fato de que o prêmio “reconhece iniciativas da EBC que promovem ações para a superação das desigualdades raciais e sociais”.
Para o babalaô Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, ao premiar a TV Brasil com o Camélia da Liberdade, o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) fez justiça a um dos poucos veículos de comunicação do país que se dedica a explorar de forma diferenciada o continente africano, suas populações e suas diversidades.
“A premiação ao Nova África é importante porque, neste momento, em que existem poucos veículos de comunicação que se dedicam ao tema, o programa procura trazer a tona os problemas do continente africano, suas soluções e peculiaridades para um país onde a grande maioria da população é descendente da África”.
Lembrando que a Camélia era um simbolo abolicionista, Santos ressalta o fato de que o programa é uma forma de ajudar a entender melhor que a África tem uma diversidade cultural intensa. “A África não é um continente que serviu de celeiros de escravos para o mundo, mas sim um conjunto de Estados que pulsa e deu origem à civilização”.
Santos diz que, no Brasil, se fala muito da civilização europeia, considerada o berço mundial da cultura. “Isto não corresponde à verdade e o programa procura mostrar exatamente isto: que a África não é, necessariamente, um continente atrasado, mas sim um continente diferente e que é inclusive o berço da civilização mundial”.
Desde 2005 sob patrocínio da Petrobras, o projeto Camélia da Liberdade desenvolve uma série de ações voltadas para afirmação e promoção da comunidade negra. O desafio é criar justiça social em uma sociedade em que a desigualdade, provocada por fatores históricos e políticos e a injustiça são fatores geradores de conflitos sociais.
A marca do projeto é o resgate de um antigo simbolo abolicionista, uma Camélia, que procura por meio de sua popularização criar uma ação visual acerca das ações afirmativas em nosso país.
A entrega do prêmio por parte do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas ocorre na noite de hoje (24) na casa de espetáculos Vivo Rio, a partir das 20h. O tema escolhido é a Pequena África, região formada pelos bairros da Zona Portuária do Rio de Janeiro e que, até o início do século 20, era ocupada por um grande contingente de negros libertos, escravos e remanescentes dos antigos quilombos da Pedra do Sal.
Serão premiados com o Camélia da Liberdade instituições ou personalidades. A TV Brasil concorria ao prêmio Veículo de Comunicação com três programas: Caminhos da Reportagem, com o tema Herança Negra no Rio de Janeiro; Para Todos; e com o Nova África - que acabou levando a premiação.
O Ceap reconhece e premia instituições de ensino, empresas, órgãos governamentais, veículos de comunicação e personalidades que apoiam a integração do negro na sociedade. Rede Globo, Record, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Supremo Tribunal Federal (STF) estavam na lista de concorrentes.
Edição: Fábio Massalli
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil