Projetos sociais e ambientais vão receber mais de R$ 200 milhões da Petrobras

17/04/2013 - 19h42

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Um projeto de capacitação de educadores do Amapá para lidar com a diversidade humana, especificamente com crianças que têm autismo; uma iniciativa que garante segurança alimentar e incrementa a produção em território indígena no Acre; a outra é uma ação voltada à geração de emprego e renda para agricultoras familiares que vivem na região amazônica. Esses são alguns dos 176 projetos sociais e ambientais contemplados por meio de seleção pública e que receberão recursos para ampliar sua estrutura.

O anúncio dos selecionados nos programas Petrobras Desenvolvimento & Cidadania e Petrobras Ambiental foi feito hoje (17) em três cidades simultaneamente. Em Brasília, foram apresentados os contemplados das regiões Centro-Oeste e Norte e de Minas Gerais.

O gerente de Relacionamento Comunitário da Petrobras, José Barbosa, enfatizou que as seleções públicas para os projetos são uma forma de democratizar o acesso aos recursos, com transparência e participação efetiva da sociedade. Ele acrescentou que a aplicação das verbas é fiscalizada por gestores da empresa, que vão in loco conferir os resultados. Os contemplados também devem enviar periodicamente relatórios das atividades para liberação gradativa das verbas, em duas parcelas.

“É uma forma de fortalecer cada vez mais a rede do movimento social e ambiental e incluir mais pessoas, garantindo a elas novas oportunidades. Tudo isso representa uma forma de contribuir para transformar o Brasil positivamente”, destacou.

Ao todo, serão destinados, nos próximos dois anos, R$ 247 milhões, sendo R$ 145 milhões a 130 projetos sociais e R$ 102 milhões a 46 projetos ambientais, de todas as regiões do país. O número de inscritos na edição deste ano chegou a 4.177, a maior parte do Nordeste e Sudeste (sociais e ambientais).

De acordo com a gerente setorial de Programas Ambientais da Petrobras, Gislaine Garbelini, a preocupação é garantir proporcionalmente participação dos locais com mais demanda e com maior número de contemplados. Ela enfatizou, no entanto, que para promover a igualdade de acesso, antes do período das inscrições e durante esse prazo, são organizadas caravanas para orientar e estimular possíveis concorrentes em estados que tradicionalmente enviam menos propostas, como os do Norte e do Centro-Oeste.

Gislaine Garbelini lembrou que as escolhas também obedecem critérios como sustentabilidade dos resultados, relevância das ações para a comunidade, coerência do cronograma de atividades, viabilidade das propostas diante do orçamento previsto e capacidade institucional para implementá-las.

Segundo Francisca Arara, representante da Associação Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, os R$ 400 mil que o projeto vai receber serão utilizados para impulsionar a capacitação de 144 agentes indígenas. A atuação do grupo, conforme ressaltou, tem impacto direto na preservação das terras, na valorização da cultura e na alimentação de 4 mil índios das etnias Manchineri, Jaminawa, Kaxinawá, Yawanawá.

“Eles atuam na gestão do território, conscientizando sobre o manejo adequado, resgate de sementes, valorização da cultura e das pesquisas indígenas. Com a ampliação da capacitação, esperamos resultados muito positivos, principalmente para que os índios não dependam tanto de programas sociais, como Bolsa Família e sacolões populares”, disse.

Outra proposta contemplada, a da Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Amapá, prevê ações para combater o preconceito e a desinformação em relação às crianças com autismo. Estão previstos cursos, seminários, painéis entre outras iniciativas para capacitar educadores e torná-los multiplicadores dos conceitos de inclusão. O fundador da instituição, Frank Benjamim Constant, enfatizou que o ideal é que todas as pessoas estivessem aptas a lidar com as diferenças dos seres humanos, mas ressaltou que a iniciativa é parte dos esforços em prol de uma sociedade inclusiva.

“As crianças que têm autismo não apresentam traço sindrômico o que faz com que as pessoas não as identifiquem com essa característica. Por isso, em geral, são vistas como mimadas e mal-educadas. Espero que a capacitação ajude a quebrar o estigma, na medida em que mais pessoas entenderão do assunto e poderão desenvolver estratégias para lidar com isso”, disse, ressaltando que as crianças com autismo vão à escola, como todas as outras, não apenas para aprender a ler e a escrever, mas para desenvolver a socialização e aprender a respeitar os limites.

“Com esses conceitos disseminados, o resultado será uma sociedade mais coesa, mais rica e capaz de se compreender melhor”, acrescentou o representante do projeto, que irá receber R$ 1,6 milhão. Frank Constant é pai de uma menina de 11 anos que tem autismo.

As seleções públicas dos programas ocorrem a cada dois anos. O da linha social começou em 2007, tendo sido investido até hoje R$ 1,2 bilhão em ações de promoção da garantia dos direitos e geração de renda de populações em vulnerabilidade. Por meio da vertente ambiental, iniciada em 2008, foram aplicados R$ 500 milhões em projetos de preservação e recuperação do ambiente e da diversidade.

A costureira Raimunda Nonata trabalha na Associação Mãos que Criam, na Estrutural (região no Distrito Federal), contemplada com R$ 280 mil na edição de 2008. Com a renda que consegue costurando uniformes para escolas e empresas de construção civil, ela ajuda nas despesas da casa, onde mora com o marido, quatro filhos e três netos, e ainda separa “um dinheirinho” para gastar com cuidados pessoais.

“Não é sempre, mas às vezes sobra um dinheirinho para dar um jeitinho no cabelo, comprar um creme, ir ao salão. É bom porque não preciso pedir dinheiro para o meu marido e explicar como vou gastar”, disse.

 

Edição: Carolina Pimentel

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