Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A elevação da taxa básica de juros da economia (Selic), em 0,25 ponto percentual aumentando a taxa para 7,5% ao ano, definida hoje (17) pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), não será suficiente para conter a inflação, que já superou o teto da meta e atingiu 6,59% nos 12 meses findos em março, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A avaliação é do economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Ele lembrou que a alta da taxa Selic era esperada pelo mercado e que a tendência de expansão foi reforçada esta semana pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante evento, no Rio de Janeiro.
O economista destacou, contudo, que a elevação ficou aquém do esperado pelo mercado, “mostrando que o governo está tendo bastante cuidado com o aumento da Selic, no momento em que a inflação já saiu do topo da meta”. Ele acredita que virão outros aumentos mais adiante. “A dúvida é a dosagem do aumento, se o ritmo vai continuar em 0,25 ponto percentual ou se vai aumentar o ritmo. Mas, 0,25 ponto percentual é muito pouco para segurar a inflação”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Por outro lado, Fernando Holanda disse que o BC está consciente de que o cenário eleitoral do ano que vem pode se complicar com o aumento da taxa de juros, uma vez que foi o próprio órgão que baixou os juros no país. “Mas, certamente, este 0,25 ponto percentual não resolve de forma alguma o problema da inflação no Brasil”, ressaltou.
Segundo o economista do Ibre-FGV, as novas safras reduzirão o efeito inflacionário provocado pelos alimentos, mas o mercado de trabalho continua pressionando a inflação. “E o aumento da Selic não dá nem para o começo”.
Edição: Aécio Amado
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