Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Os dois anos do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona Oeste do Rio, que resultou na morte de 12 alunos e feriu dez, foram lembrados hoje (7), em uma missa na Igreja Nossa Senhora de Fátima João de Deus, no mesmo bairro. O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, teve um encontro com os pais, antes da missa, celebrada pelo coordenador da Pastoral das Favelas, Monsenhor Luiz Antônio
A presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Maria Macedo, mãe da aluna Luiza Paula, uma das vítimas do atirador Wellington Menezes de Oliveira, disse que a missa é um conforto para os corações dos pais. "Pra gente é muito gratificante saber como estas crianças foram amadas. As pessoas não esqueceram nenhum minuto do que aconteceu", comentou.
Após a celebração as famílias saíram em caminhada até a escola. Lá, artistas do grafite fizeram desenhos de crianças no muro simbolizando a reconstrução de uma escola que precisa de segurança. "Acho que as escolas têm que ter segurança. O que mais me deixa indignada é que depois de tudo o que aconteceu, nada mudou. As escolas continuam sem segurança. Pra mim errou antes, durante e depois. Depois, por que ninguém fez nada. Antes, por que chegou ao ponto que chegou. Eu tive que perder minha filha dentro da escola. Hoje eu transformei meu luto em luta. O que eu mais quero é ver que as autoridades tomaram providências, porque até hoje nada foi feito", disse Adriana.
Há dois anos o atirador, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que tinha sido aluno da escola, entrou armado no colégio. Sem levantar suspeitas, ele se identificou como palestrante e começou os disparos passando pelos corredores e salas de aula. Em carta escrita antes do massacre, falava que cometeria os disparos porque as crianças estavam impuras. De acordo com testemunhas da época, Wellington tinha problemas de relacionamento com colegas na escola e sofria bullying.
O documentário Armados dirigido pelo cineasta Rodrigo Mac Niven e produzido por Paula Xexeo vai ser exibido na tarde deste domingo no salão da Igreja Presbiteriana, que fica em frente a Tasso da Silveira. Paula contou que o filme trata, dentre outros pontos, do desarmamento e teve como consultor o sociólogo Antônio Rangel, do Movimento Viva Rio. "A gente decidiu colocar a história de Realengo para representar a consequência da arma de fogo, pois no fim das contas a arma é para matar e veio para representar todas as vítimas neste filme", contou Paula.
Para encerrar os atos que marcam os dois anos da tragédia, as famílias organizaram uma carreata pelas ruas de Realengo, logo após a exibição do documentário.
Edição: Denise Griesinger
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