Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 750 moradores do bairro Volta Grande 4, no município de Volta Redonda, no sul fluminense, devem deixar suas casas imediatamente por risco de contaminação tóxica. A recomendação foi feita pela Secretaria Estadual do Ambiente à Justiça Estadual, que analisa ação civil pública contra a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A empresa pode ser multada em até R$ 50 milhões.
O bairro, de 10 mil metros quadrados, foi construído em cima de um terreno doado aos funcionários pela CSN e que está contaminado com metais pesados e cancerígenos, como o cádmio. Essas substâncias foram encontradas em uma quantidade até 2,5 vezes acima dos limites toleráveis à saúde, constatou o órgão ambiental, com base em estudos técnicos. A multa deve ser anunciada até a próxima segunda-feira (8).
"Descobriu-se, muitíssimo recentemente, uma massa de produtos ilegais que contaminou toda essa área. Por isso, essas pessoas têm que sair imediatamente dali. E, talvez, as outras [vizinhos] também tenham. Elas estão expostas e ficaram expostas por muito tempo a níveis de contaminação insuportáveis para a saúde humana", disse o secretário Carlos Minc.
Além da retirada das 300 famílias, a Secretaria do Ambiente recomenda que a empresa remova as substâncias tóxicas do terreno, descontamine o solo e apresente imediatamente estudos técnicos relativos a uma área em frente, onde moram mais 1,5 mil pessoas. Esse estudo foi pedido há um ano, mas ainda não foi entregue.
De acordo com o Minc, em decorrência da investigação do Ministério Público Estadual, desde 2004 a secretaria cobra estudos sobre a contaminação no bairro.
Técnicos da pasta dizem que os documentos apresentados pela CSN nunca foram conclusivos. Para evitar estender a situação, com base no último relatório, a Secretaria do Ambiente complementou as investigações.
A equipe constatou que em 13% das residências há o plantio de hortaliças e frutas como acerola, limão, coco e laranja. Os especialistas também estimam a contaminação do lençol freático. O secretário disse que as árvores da área atingida deverão ser cortadas.
O órgão ambiental acredita que o local contaminado era utilizada pela siderúrgica como de área de transbordo. "Recentemente, se descobriu uma massa enorme de produtos químicos criminosamente despejados lá e que são eles [CSN] os responsáveis pela contaminação do solo e, provavelmente, da água", concluiu Minc.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, a prefeitura de Volta Redonda e órgãos de saúde também foram avisados do resultados dos estudos pela secretaria.
Procurada pela Agência Brasil, a CSN ainda não se pronunciou.
Edição: Juliana Andrade
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil