Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Até o ano de 2020, o Brasil será homenageado em vários eventos literários pelo mundo, como as feiras de Bolonha, Paris, Londres e Nova York. Em 2013, é a vez da Alemanha, onde, até este domingo (17), ocorre a Feira de Leipzig, com a participação de nove escritores brasileiros. Também há eventos programados para as cidades de Berlim, Colônia e Frankfurt até terça-feira (19). Em outubro, será a vez da Feira de Frankfurt, o maior evento literário do mundo.
O presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Galeno Amorim, disse que o objetivo da fundação e do Ministério da Cultura é ampliar a presença do livro brasileiro no mundo. Para isso, o governo está construindo esse calendário de homenagens, que fomentam um maior interesse pela literatura do país.
“O Brasil está iniciando o ano de homenagens na Alemanha, que culmina com a Feira de Frankfurt, em outubro, para os livros, para a literatura do Brasil. Então, em Leipzig, nós estamos participando dessa feira de livro que é um grande festival da literatura e aproveitamos para anunciar aqui a lista dos 70 autores que vão integrar a comitiva brasileira em outubro, na Feira de Frankfurt”.
A lista foi anunciada na quinta-feira (14) e contempla todos os gêneros literários, mesclando escritores consagrados e novos nomes. Amorim explica que a feira de Frankfurt é mais voltada para negócios e, além dos 70 nomes anunciados, pelo menos outros 20 escritores participarão de atividades na Alemanha este ano.
“A feira que vende direitos autorais, que é visitada por editores do mundo inteiro, onde acontecem os leilões, onde acontece o contato com os agentes, o contado entre autores e editores é realmente em Frankfurt. E, de agora até outubro, a gente vai ter uma preparação e um trabalho permanente para num crescente construir essa presença brasileira. A Copa do Mundo do livro é a Feira de Frankfurt”, disse Galeno.
De acordo com Galeno, a literatura brasileira tem despertado cada vez mais o interesse de outros países. Ele diz que o Programa de Tradução da Biblioteca Nacional saltou de oito traduções por ano na década de 1990 para 12 nos anos 2000 e, este ano, 250 livros terão apoio.
“Nos últimos anos, o Brasil está despertando um interesse enorme. Seja lá por conta da estabilidade econômica, pelo enfrentamento das questões sociais nos últimos anos, a verdade é que as pessoas estão querendo entender, conhecer, compreender melhor a sociedade brasileira. E, com isso, a cultura, e particularmente a literatura, têm um papel importante. Nesse sentido, os editores estrangeiros, e alemães também, estão tendo um interesse muito grande por publicar não só nomes consagrados, clássicos, mas também jovens escritores brasileiros”.
Um dos escritores escolhidos para representar o Brasil em Frankfurt foi Paulo Lins, autor de Cidade de Deus e Desde que o Samba é Samba, os dois romances traduzidos na Europa. Para ele, a homenagem ao Brasil é importante para divulgar uma arte brasileira que não tem muito reconhecimento internacional, apesar de ser de altíssima qualidade.
“Para o Brasil também é bom, você divulgar uma arte em que o Brasil vai muito bem. Nós temos grandes escritores, sempre tivemos grandes escritores. E a gente, por ser um país periférico, não tem uma divulgação como deveria ter. Por exemplo, Machado de Assis é um dos maiores escritores do mundo, de todos os tempos, e não tem a divulgação, um nome no mundo como tem o Mayakovsky, o Edgard Alan Poe, e ele deveria, ele está nesse nível”.
Outro convidado, o poeta Nicolas Behr, que tem um livro lançado em espanhol e outro traduzido para o alemão, que ainda espera publicação, disse que a Feira de Frankfurt é uma ótima oportunidade para mostrar o Brasil e a literatura brasileira para o mundo.
“Eu acho que muitos autores vão começar a ser traduzidos para outras línguas, eu acho até mais importante do que a Copa é essa feira para o Brasil, intelectualmente, culturalmente. Eu acho que dá uma visibilidade muito grande para a produção literária brasileira, é muito importante. É muito bom mostrar um outro Brasil, outros brasis, sair um pouco desse clichê de futebol, Amazônia, carnaval, mulher, praia, e mostrar a produção literária brasileira. Vai ser uma grande vitrine e eu acho que o Brasil está preparado”, disse Behr.
A programação oficial da Feira de Frankfurt será anunciada em junho. Além da parte literária, envolve exposições, teatro, cinema e música, em eventos que vão de agosto a janeiro de 2014. A comitiva brasileira é formada por 69 escritores.
Edição: Fernando Fraga
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