Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os crimes contra idosos avançaram 8,7% em 2011 no estado, informou hoje (14) o Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão da Secretaria de Estado de Segurança Pública. O ISP contabilizou 61.353 crimes em que maiores de 60 anos foram as vítimas, contra 56.464 em 2010. O número é o maior da série histórica iniciada em 2002, quando foram registrados 29.746 boletins de ocorrência.
O principal crime cometido contra idosos foi o estelionato, com 6.288 casos, o que equivale a 21,5% de todos os casos registrados no estado. A segunda violência mais frequente foi a ameaça, com 4.746 casos, seguida por lesão corporal culposa, com 3.776, com 5,6% e 7,6% do total de casos desse tipo, respectivamente. Os idosos também foram vítimas de 21,7% dos casos de extorsão, totalizando 454 crimes.
Para o analista criminal Emmanuel Caldas, do ISP, é possível que estelionatários tenham escolhido idosos como vítimas preferenciais desse tipo de crime. O especialista aponta três explicações para o aumento da violência registrada contra esse grupo: "Uma primeira leitura é que houve o envelhecimento da população brasileira, e, em especial, a do estado do Rio. Outra é que esses crimes geram comoção e ganham visibilidade, o que incentiva as denúncias. Uma terceira é que realmente pode haver uma percepção de que esse grupo é mais vulnerável".
O crime de estelionato foi praticado principalmente contra idosos que se declararam brancos (69,6%), de 60 a 69 anos (58,5%) e do sexo feminino (54%). O crime de ameaça tem as mesmas características e, no caso de lesão corporal dolosa, os homens foram vítimas em 52,2% dos casos.
A maior parte das vítimas (54,2%) morava na capital, e 19,9% eram do interior. Em 25,9% dos casos, os idosos eram de outras cidades da região metropolitana.
Nas favelas com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o crime mais praticado contra idosos foi lesão corporal dolosa, com 53 casos, contra 23 de estelionato. Já os casos de ameaça foram 52 nesses locais. Os dois crimes mais frequentes são justamente aqueles em que há mais casos de autores próximos às vítimas, como parentes, vizinhos e companheiros.
A população idosa fluminense cresceu quase quatro 4 percentuais ao longo da década passada, de 11,7% na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2002 para 15% na de 2009. No mesmo período, o percentual de idosos em relação às vítimas de crimes aumentou de 4,7% para 7,4%, chegando a 8,2% em 2011.
A proteção aos idosos, segundo Emmanuel, passa também pelo reforço de uma rede de solidariedade formada por pessoas próximas: "Não necessariamente a rede familiar protege. Em muitas [situações], ela vitimiza. A rede deve ser maior, com amigos, vizinhos e outras pessoas".
Edição: Juliana Andrade
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