Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse hoje (13) que a presidenta Dilma Rousseff enviará representante para a cerimônia de coroação do novo papa, prevista para ocorrer na próxima terça-feira (19) no Vaticano.
"A presidenta ainda não se manifestou. Ela vai escolher naturalmente representantes, isso não está decidido. Mas, enfim, o Brasil estará presente lá". Gilberto Carvalho disse que a presidenta não deve ir ao evento. "Não, não está prevista a ida da presidenta".
O ministro destacou a satisfação do governo brasileiro pela eleição de um papa latino-americano e disse que a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, que adotará o nome Francisco, mostra reconhecimento da importância do continente.
“A presidenta Dilma manifestou nossa satisfação pela escolha do papa Francisco e nós temos de nos alegrar muito como latino-americanos. Esse é o primeiro aspecto para nos dar maior importância: o fato histórico de termos pela primeira vez um papa do nosso continente, que é o continente hoje com o maior contingente de católicos no mundo”, disse.
Mais cedo, em nota, a presidenta Dilma Rousseff parabenizou o novo papa e disse que o povo brasileiro o espera para a Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de Janeiro.
Segundo Carvalho, o evento, que já estava programado, ganhará importância com a eleição, porque será uma das primeiras viagens do papa Francisco. “A Jornada Mundial ganha com isso um destaque especial porque, sem dúvida nenhuma, será uma das primeiras viagens do novo papa para fora do Vaticano, fora da Santa Sé. Dará, portanto, uma nota muito especial a essa jornada”, avaliou.
Ex-seminarista e interlocutor do governo Dilma com as lideranças religiosas, Carvalho disse que o cardeal argentino, que até então era arcebispo de Buenos Aires, é conhecido pela simplicidade e preocupação com os pobres. “As primeiras informações que nós tivemos é de que se trata de uma pessoa muito ligada a questão do cuidado com os pobres, uma pessoa de hábitos muito simples que, segundo eu soube, andava de ônibus pelas ruas de Buenos Aires. Uma pessoa com muita preocupação no sentido da Igreja voltada para a questão social, para a questão dos pobres”.
A defesa das causas sociais, na avaliação de Carvalho, aproxima o novo papa dos projetos dos governos latino-americanos. “Tudo isso vem ao encontro de um projeto que nós temos no Brasil e em toda a América Latina de trabalharmos pela fraternidade, por uma sociedade mais igualitária e de direitos a todos”.
Em relação a posições conservadoras do novo papa sobre temas como contracepção e união homossexual, Carvalho preferiu não se manifestar e disse que o governo brasileiro respeita as convicções morais das religiões. “Eu não vou entrar nessas questões, não temos conhecimento de verdade dessas questões. São posições que a Igreja tem sustentado e que nós, naturalmente, respeitamos. O Brasil é um Estado laico, mas isso não quer dizer que é um Estado ateu, respeita todas as religiões, todas as opiniões democraticamente, então não nos cabe fazer considerações”.
Segundo o ministro, as convergências com o novo pontífice são mais significativas que as eventuais discordâncias. “A nossa posição sempre tem sido uma posição de encontrar na Igreja, nas igrejas, nas entidades da sociedade civil, posições que convergem para um projeto de justiça, para um projeto de fraternidade. É isso o que conta para nós. As posições morais que eventualmente uma ou outra Igreja tenha, nós temos que respeitar, dentro da pluralidade típica e própria dentro de uma sociedade democrática”.
Perguntado sobre uma possível frustração pelo fato do brasileiro dom Odilo Scherer não ter sido o escolhido, Carvalho disse que o conclave não era uma competição. “Não tem frustração. Não é um campeonato”, brincou. “Claro que a nossa alegria seria muito grande se fosse um papa brasileiro. Certamente ser argentino vai provocar muitas brincadeiras entre o povo brasileiro, mas eu quero dizer que o povo argentino é um povo para nós cada vez mais próximo, amigo, fraterno”, disse, em tom bem-humorado.
“O Brasil sabe que o desenvolvimento da Argentina é essencial para o nosso desenvolvimento, a Argentina é uma parceira essencial, a gente se alegra também com a alegria do povo argentino. As nossas diferenças do futebol vamos resolver no campo específico”, acrescentou.
Edição: Carolina Pimentel
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