Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Em 35 cidades do interior de São Paulo, o desfile de carnaval resgata uma tradição da Europa antiga: a folia com bonecos gigantes e cabeções. Acompanhada de marchinhas, a festa promove a integração das famílias e encanta as crianças.
Segundo a Comissão Paulista de Folclore, essa tradição carnavalesca chegou ao Brasil com os imigrantes portugueses. A desproporção dos cabeções sobre os corpos dos foliões é carregada de simbologia – em Portugal e na Espanha, os gigantes e anões caminhavam juntos pelas ruas no período do carnaval. No Brasil, essa representação ganhou adaptações de acordo com as diferentes realidades regionais.
No município de Atibaia (SP), há registros de que o carnaval dos bonecões começou em 1915. De acordo com o vice-presidente da Associação dos Bonecões e Boneconas de Atibaia, Igor Stacek, a tradição, porém, se perdeu com o tempo, mas foi resgatada na cidade há 11 anos. A folia dos bonecões ocorre na Praça da Matriz, no centro da cidade, de hoje (9) a Quarta-Feira de Cinzas (12), a partir das 16h. São esperadas mais de 4 mil pessoas no centro histórico.
Os mais de 100 bonecos que desfilam em Atibaia homenageiam personalidades como Elvis Presley, Chacrinha e Elke Maravilha. As crianças, que também são responsáveis pela confecção dos bonecões, escolheram Garfield, Simpsons e Harry Potter. “As crianças que vão desenvolvendo os bonecos têm liberdade de escolha dos personagens”, disse Igor Stacek. O acervo dos bonecões tem ainda algumas personalidades do município. “Toda cidade tem aquelas pessoas que são muito conhecidas, mas só dentro dos seus limites.”
A associação, que trabalha com recursos dos próprios bonequeiros e de doações de empresas, usa papel machê, colagem e papietagem (papel recortado e cola) na confecção dos bonecões. As crianças aprendem as técnicas na escola, durante as aulas de artes. As atividades também são feitas em família, na sede da associação.
“Essa é uma das partes mais importantes, toda a integração que é proporcionada. A família participa do desenvolvimento do boneco, é muito gostoso ver isso. A criança que participa em um ano, dificilmente não retorna no ano seguinte”, conta vice-presidente da associação.
Edição: Talita Cavalcante
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