Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), Valéria de Aragão Sadio, será a rainha da banda Alegria sem Ressaca, que desfila amanhã (3) em Copacabana. Segundo o psiquiatra Jorge Jaber, especialista em dependência química e presidente da banda, a ideia “é [levar] à frente da banda uma mulher cuja atuação é muito importante”. Ele acredita, inclusive, que poderão ser divulgadas durante o desfile mudanças no tratamento dos dependentes químicos no estado.
Valéria conheceu o trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad), presidida por Jaber, quando ainda estava na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do Rio e começou a fazer operações conjuntas de combate ao crack com a prefeitura. A Abrad participava das reuniões.
“Desde sempre, embora eu faça parte da seara segurança pública, tive o entendimento de que a prevenção é o melhor combate que existe contra as drogas”, disse a delegada. Segundo ela, se for possível evitar que pessoas experimentem, usem drogas, “certamente nós vamos conseguir diminuir essa curva ascendente de usuários de drogas, principalmente de crack”.
Valéria Aragão destacou que o dependente de crack não é um usuário recreativo ou controlado, já que a droga cria dependência química com muita facilidade. “Então, se a gente puder evitar que jovens e adultos experimentem essa droga e depois fique muito difícil deixar de usar, acho que é o ideal”.
Ela reiterou que a melhor forma de combate é conhecer o mal que está sendo combatido. “É muito importante a divulgação, mostrando o que é o crack e o que ele é capaz de fazer. O jovem é muito experimentador e, quanto mais você proibir, mais ele fica interessado. O ideal é o diálogo aberto, mostrando de forma realista o que o crack pode fazer”.
A delegada sugeriu que, em vez de condenar a criança ou o jovem que experimenta drogas, os pais os amparem. Para ela, quanto mais cedo o problema for detectado, mais rápido poderá ter início o tratamento. Valéria enfatizou, também, a importância do debate.
“É uma responsabilidade que começa em casa, se estende às escolas, com os educadores, que têm que ter sempre em mente que fora da escola vai estar o traficante, que tem sempre aquele perfil sedutor. Vai vender a droga como se fosse o melhor dos mundos, vai usar roupa e linguagem de jovem, para poder atrair aquele mercado consumidor tão promissor”.
Na avaliação da delegada, a prevenção e o acesso à informação são as melhores formas de combate às drogas, principalmente no período de carnaval. “Nada mais agradável do que um desfile em Copacabana, para nós chamarmos as famílias para esse debate”. Ela esclareceu que a Dcod tem o papel de produzir conhecimento e buscar informações sobre comunidades em que a situação das drogas é mais complicada e em que há guerra por espaços.
Segundo a delegada, o desafio é justamente mostrar o que pode ocorrer com uma pessoa que entra no mundo das drogas como usuária. Ela destacou a importância de a polícia e a segurança pública como um todo participarem desse debate, encarando a droga como um problema de saúde e de assistência social, sem abrir mão do seu papel, que é combater o tráfico.
Edição: Tereza Barbosa
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