Polícia faz reconstituição do incêndio na Boate Kiss

30/01/2013 - 19h10
Bruno Bocchini
Enviado Especial
 
Santa Maria (RS) – A Polícia Civil fez hoje (30) uma reconstituição do incêndio da Boate Kiss, ocorrido na madrugada de domingo (27). Testemunhas indicaram aos policiais o local exato onde o fogo começou – no teto sobre o palco onde estava o vocalista da banda  – e relataram que o extintor de incêndio usado por um dos músicos não funcionou.
 
Além da reconstituição, também foram ouvidas 14 pessoas pela polícia. Os depoimentos mostraram que a fumaça preta tomou toda a boate no prazo de 40 segundos a um minuto, impedindo as pessoas de enxergarem.
 
“Isso explica de as pessoas terem ido para o banheiro. Uma pessoa disse que as únicas luzes que se enxergavam era a luz verde do banheiro e uma luz verde em outro local. Eles foram conduzidos para o banheiro pensando que fosse a saída”, disse o delegado regional da Polícia Civil, Marcelo Arigony.
 
Os funcionários que prestaram depoimento disseram ainda que nunca receberam nenhum tipo de treinamento contra incêndio, e que na noite da tragédia foram preparadas mil comandas para o público, acima da capacidade da casa, de 691 pessoas. No entanto, ainda não se sabe se todas foram usadas.
 
Um dos funcionários disse que ele próprio instalou a espuma isolante no local, utilizada como proteção acústica desde meados de 2012.  Há indícios, segundo a polícia, de que o material usado não era adequado e durante a queima produziu gases tóxicos, que provocaram as mortes. Segundo as investigações, ainda não há comprovação de que as autoridades tenham sido avisadas da instalação do produto.
 
O advogado Jader Marques, que representa Elissandro Callegaro Spohr - um dos sócios da Boate Kiss -, disse hoje que o cliente contou com a assessoria de especialistas para comprar a espuma. Ele não informou, no entanto, os nomes dos profissionais e nem se a boate comunicou à prefeitura ou aos bombeiros a instalação do produto. 
 
“Na verdade, tudo que estiver fora do plano técnico da boate, porque é um estabelecimento que vai receber o público, ele tem que obedecer ao plano aprovado pelo bombeiro, e pela prefeitura. Tudo que está fora disso eu diria que é amador, é irregular”, disse o delegado Arigony. 
 
De acordo com o delegado, existem indícios de que a casa nortuna estava com público acima do permitido. Em entrevista, o secretário de saúde da cidade informou que foram feitos 500 atendimentos (nos hospitais) no dia da tragédia. "Quinhentos [atendimentos] mais duzentos e tantos [mortos}, a capacidade era 691, então já extrapolou”, ressaltou Arigony.

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Edição: Carolina Pimentel

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