Especialista diz que normas de segurança variam de acordo com o tipo de edificação

29/01/2013 - 19h55

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A segurança de prédios comerciais e de boates depende das características que essas edificações apresentam. Nos prédios comerciais, por exemplo, que funcionam em geral de dia, há um tipo de risco, diferente do que apresentam as boates, cujo funcionamento é noturno na maioria dos casos.

“Isso muda muita coisa”, disse o professor Airton Bodstein de Barros, coordenador do mestrado em defesa e segurança civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista à Agência Brasil. Ele lembrou que os clubes apresentam grandes áreas abertas, enquanto os prédios residenciais têm áreas confinadas; as igrejas costumam ter pé direito [medida do chão ao teto] alto. Todos esses elementos têm influência em uma situação de risco de incêndio, disse Barros.

Com base no contato muito próximo que mantém com o Corpo de Bombeiros e a prefeitura do Rio, que são os órgãos encarregados da fiscalização desses estabelecimentos, o professor avaliou que o Rio de Janeiro não está mal posicionado no que diz respeito à segurança. “Cada vez que ocorre um desastre, se tomam providências. Infelizmente, tem que morrer muita gente para se tomar providências”.

Um caso foi o desmoronamento do edifício Liberdade, no início do ano passado, que causou o desabamento de outros dois prédios vizinhos. Barros lembrou também da explosão do restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, em outubro de 2011. “São exemplos recentes que mexem com a opinião pública, mexem com a mídia e, aí, as autoridades têm um pouco mais de atenção”.

Ele considerou que os exercícios de evacuação de edifícios comerciais, como o feito pela Defesa Civil do estado no final do ano passado, simulando situação de incêndio, deveriam ser repetidos com mais frequência. “É uma coisa muito boa, muito importante, que não se fazia há muito tempo no Rio. Mas não deve ser feita esporadicamente, tem que continuar fazendo”.

Ele admitiu que às vezes se torna tecnicamente inviável aplicar algumas normas de segurança em edifícios antigos, construídos há mais de 30 anos. “É um risco que se assume”. Barros aconselhou, porém, que o condomínio do prédio, os moradores e os próprios funcionários busquem com técnicos e especialistas soluções para melhorar a segurança, mesmo nessas construções.

Segundo o professor, os edifícios comerciais, por serem mais abertos, apresentam menos risco de incêndio. Nesses casos, o mais perigoso é a fumaça, disse. Como esses edifícios têm muitas janelas, o fato de deixá-las abertas aumenta a ventilação e permite que as pessoas tenham um tempo maior para abandonar o local. De qualquer forma, ele ressaltou que se deve investir em prevenção, para minimizar os efeitos de um incêndio que, em um prédio, “representa sempre um risco de desastre altíssimo”.

Barros disse que nos Estados Unidos é muito comum a construção de escadas externas nos prédios, mas no Brasil há o medo de que ladrões possam entrar nas residências por essas escadas. “É o problema de você, de um lado, buscar segurança e, de outro, conviver com a cultura do roubo, da falta de sensibilidade para certas coisas. Isso dificulta muito estabelecer no Brasil critérios de segurança internacionais”.

Edição: Tereza Barbosa

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