Da BBC Brasil
Brasília - O incêndio que deixou 194 mortos em 2004 na Boate República Cromañón, em Buenos Aires, similar ao que ocorreu neste domingo (27) em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, provocou uma série de mudanças na segurança nas casas noturnas da capital argentina.
As medidas incluíram mais sinalização interna das discotecas indicando a saída de emergência; menos tolerância no tocante ao limite de público autorizado para cada local e a colocação de cartazes indicando a quantidade permitida de pessoas no recinto.
Locais com mais de um andar devem também agora atualizar, regularmente, informações sobre a resistência do prédio, segundo documento da Agência Governamental de Controle publicado (AGC) no site do governo da cidade de Buenos Aires.
As medidas foram definidas após reunião com empresários do ramo, músicos, arquitetos, engenheiros e os grupos que representam os pais das vítimas daquela tragédia na República Cromañón. Cabe à AGC verificar que as normas de segurança estão sendo cumpridas, de acordo com informações oficiais.
Além de novas exigências para as casas noturnas, também foram definidas e intensificadas as normas de segurança para bares, teatros independentes, clubes com música ao vivo e salões para tango, por exemplo. As exigências de segurança deverão ser respeitadas antes da abertura do local e durante seu funcionamento.
De acordo com o governo da cidade, os “cidadãos poderão saber o estado de habilitação e funcionamento dos locais na internet”.
O documento diz que eventos de grande público, como recitais e festas, deverão ter “autorizações especiais”.
As novas regras de segurança incluíram decretos, resoluções e leis. Muitos dos debates contaram com a participação dos familiares das vítimas e foram transmitidos ao vivo pelas principais emissoras de televisão do país.
Na prática, a tragédia na casa noturna portenha gerou uma série de medidas batizadas de “Efeito Cromañon”. Logo após o episódio, que ocorreu no dia 30 de dezembro de 2004, várias casas noturnas foram interditadas no país.
Levantamentos indicaram, na ocasião, que das quase 200 casas noturnas da cidade, somente 61 atendiam às novas exigências de segurança. Investigações policiais e judiciais revelaram que a discoteca República Cromañón tinha o certificado de bombeiros vencido, cerca do triplo de público permitido e problemas com a saída de emergência.
A perícia apontou que o uso de pirotecnia provocou o incêndio, que gerou uma fumaça mortal. O grupo de rock teria o hábito de usar pirotecnia em seus shows, o que não teriam feito naquela noite, sugerindo que a iniciativa poderia ter partido do público. A tragédia provocou prisões de empresários, dos músicos e renúncias de políticos na cidade.
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