Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um ano após o desabamento de três prédios que ficavam no perímetro formado pelas avenidas Evaristo da Veiga e Almirante Barroso e a Rua Treze de Maio, na Cinelândia, os proprietários das 38 empresas que foram destruídas lutam até hoje na Justiça por indenizações. No desabamento morreram 17 pessoas e cinco continuam desaparecidas.
A única decisão tomada até agora é a do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) de denunciar seis pessoas pelo desabamento, a maioria - direta ou indiretamente – ligada à TO Tecnologia Organizacional, empresa responsável pelas obras em dois dos 20 andares do prédio.
Dono de uma empresa de contabilidade no Edifício Colombo, Alexis Santos Ferreira contou à Agência Brasil que estava instalado no local há mais de dez anos, tinha mais de 100 clientes e ocupava um andar inteiro do prédio – um dos que vieram abaixo em consequência do desabamento do Edifício Liberdade. "Ocupávamos um andar inteiro do Colombo e não conseguimos recuperar um palito sequer - mas eu não podia deixar meus clientes na mão. Com os R$ 350 mil do seguro e pegando dinheiro emprestado aqui e ali, consegui refazer o meu escritório.
Ele disse ainda que foi um dos poucos que conseguiram se reerguer. "Havia 38 empresas nos três prédios e apenas 20% conseguiram, ainda assim de forma precária – cerca de 80% tiveram que fechar as portas”, lamentou. Santos Ferreira, que hoje é diretor financeiro da Associação das Vítimas da 13 de Maio, acrescentou que a ação movida contra a prefeitura e o condomínio do Edifício Liberdade anda vagarosamente.
“Achamos que a prefeitura foi negligente e a grande responsável pela tragédia. Entramos com processo de ressarcimento de bens materiais. Mas, está nas mãos do juiz, ainda não foi examinado e não tem julgamento marcado. Estou com 72 anos, então para mim só deve sair alguma coisa no plano espiritual. Talvez meus netos consigam receber”, ironizou.
Apesar de ter todo o escritório destruído, Ferreira encontra motivos para se achar uma pessoa de sorte: “Graças a Deus, no meu prédio não morreu ninguém. Foram os anéis, ficaram os dedos. A gente não pode nem lamentar, pois pior foram as vidas humanas que se perderam na tragédia. Se eu tivesse perdido algum funcionário, nem mesmo sei como estaria hoje”, acrescentou.
Edição: Graça Adjuto
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