Nielmar de Oliveira
Enviado Especial
Angra dos Reis (RJ) - O índice pluviométrico registrado no município de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, entre o primeiro dia do ano, quando começou a chover na cidade, e o final da tarde de ontem (3) chegou a 241 milímetros (mm). O volume já ultrapassa o verificado durante todo o mês de janeiro do ano passado, 208 mm.
No balanço fechado pela Defesa Civil de Angra dos Reis às 18h30 de ontem, em 24 horas foi registrado um índice pluviométrico de 208 mm. Para as próximas 24 horas, é esperado um volume pluviométrico de 72 mm, o que deixa a população apreensiva. A prefeitura municipal redobrou a atenção em relação aos principais pontos mapeados pela Defesa Civil como área de risco de deslizamento de terra e pedras, como é o caso dos morros do Carmo e da Carioca. Nesses locais, na virada de 2009 para 2010, ocorreram 21 das 52 mortes registradas na cidade em consequência de desmoronamentos causa dos pelas fortes chuvas.
Chove forte, e praticamente ininterruptamente, na cidade desde o dia 1º. Desabamentos de terra e alagamentos em bairros e vias públicas deixaram Angra cidade em estado de emergência. O temporal atípico atingiu sobretudo a parte sul da cidade (entre o Frade e o Parque Mambucaba), mas foram registrados incidentes em quase todos os bairros. Nove casas foram destruídas e 38, interditadas, de acordo com o último balanço divulgado.
Durante a madrugada de ontem, 2.380 pessoas, a maioria no Morro da Carioca e na localidade de Santa Rita – onde ocorreram os deslizamentos que destruíram as nove casas e levaram à interdição de 38 residências, deixando três pessoas feridas – receberam mensagem via celular com o aviso de que procurassem local seguro para se abrigar.
Pelo menos 160 pessoas estão desabrigadas e 320, desalojadas, sendo que 179 estão em abrigos montados pela prefeitura de Angra. Os desalojados estão em escolas municipais e estaduais, igrejas e até no parque municipal da cidade – o Parque Mambucaba.
A chuva afetou também a BR-101, que liga o Rio de Janeiro à cidade paulista de Santos (a Rio-Santos), onde houve queda de dezenas de barreiras.
Nas proximidades de Mangaratiba, outro município atingido pela forte chuva e que está praticamente todo tomado pela água, houve a maior queda de barreira. Até o início da noite, a rodovia operava no sistema de pare e siga, pois metade das pista havia sido invadida por pedras, barro e árvores que tombaram sobre a estrada. Usando motosserras, bombeiros tentavam limpar a estrada.
Durante toda a madrugada, choveu na cidade e a atenção será redobrada na manhã desta sexta-feira (4), uma vez que a previsão é de que nas próximas 24 horas as fortes chuvas atinjam também a Ilha Grande. No local, na virada de 2009 para 2010, 31 pessoas morreram. Muitas vítimas comemoravam com parentes a passagem do ano – a maioria em uma pousada de luxo – quando uma tromba d’água provocou uma avalanche de lama, deslizamento de pedras e queda de árvores.
A Defesa Civil também interditou provisoriamente 85 residências. Há cerca de 150 vistorias a serem feitas. Chuvas com média e alta intensidade castigaram a cidade durante toda a noite e a madrugada desta sexta-feira (4), por isso a Defesa Civil Municipal continua em estado de alerta e a cidade permanece em estado de emergência.
A prefeitura pede que os moradores levem água, alimentos não perecíveis, roupas e produtos de higiene pessoal ao posto especial montado para recebimento de doações no Colégio Colégio Estadual Dr. Artur Vargas, no centro da cidade.
Edição: Juliana Andrade
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