Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A venda do milho na Região Nordeste, com preços mais baixos do que os cobrados no mercado, que foi prorrogada até fevereiro de 2013, pode se estender por mais tempo. A possibilidade de amplicação do prazo foi sinalizada hoje (20) pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
A medida tem minimizado os prejuízos dos produtores do Semiárido nordestino afetados pela seca deste ano. Com a falta de água e alimentos, os agricultores de pequeno porte vêm contabilizando perdas frequentes de animais. Pelas contas do governo, alguns estados registraram perdas de 35% a 50% do rebanho.
“O que for possível fazer, vamos continuar fazendo para que Nordeste continue crescendo mais que a média do país”, garantiu o ministro, reforçando que “se for necessário prorrogar a venda do milho subsidiado para além de fevereiro, nós faremos”.
O grão para a alimentação animal na região, que engloba dez estados, tem sido vendido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ao preço de R$ 18 por saca de 60 quilos. Desde janeiro até hoje, foram disponibilizadas 347 mil toneladas do produto. Do total, 113 mil toneladas foram entregues e 221,9 mil toneladas estão sendo distribuídas.
“Estamos cuidando agora para chegar com mais milho no Nordeste. Mais de 200 mil toneladas já estão chegando e queremos que chegue mais rápido para que o pequeno agricultor possa ser melhor assistido”, explicou. Segundo Bezerra Coelho, tanto a Conab quanto os estados têm agilizado a distribuição, aumentando, por exemplo, os pontos de recebimento e armazenagem do produto nos municípios.
Ainda que não seja uma decisão oficial, o governo trabalha com dados de centros de pesquisa que apontam que as chuvas previstas para janeiro a março de 2013 devem ficar abaixo da média na maior parte do Nordeste. Os cientistas afirmam que as previsões devem servir de alerta, ainda que o cenário projetado seja menos intenso em comparação ao do início deste ano.
“A esperança é que apesar do prognóstico não ser favorável, a chuva ocorra e possamos minimizar os prejuízos”, disse o ministro. Mesmo com o tom otimista, Bezerra Coelho, ao fazer um balanço das ações de enfrentamento da estiagem ao longo de 2012, anunciou a intensificação de algumas medidas para a região a partir do próximo mês.
Nas áreas rurais da região, mais de 1,5 milhão de famílias vão continuar recebendo as parcelas dos benefícios do Garantia Safra ou do Bolsa Estiagem, que juntos superam R$ 890 milhões. Montante acima de R$ 400 milhões foi destinado à linha de crédito emergencial criada para apoiar empreendedores e agricultores do semiárido, totalizando volume de R$ 1,9 bilhão. O empréstimo que, no caso de agricultores familiares pode ser pago em até dez anos, com 40% de abatimento nas parcelas pagas até o vencimento, já foi contratado por mais de 230 mil pequenos produtores rurais.
“Sessenta e quatro por cento do dinheiro liberado estão indo para investimento. Os pequenos produtores estão recebendo e fazendo melhorias em suas propriedades, o que mostra a animação e otimismo do setor”, avaliou Bezerra. Parte do recurso contratado também é utilizado para a compra do milho vendido pela Conab, ligada ao Ministério da Agricultura.
Ainda sobre as ações emergenciais para a região, o ministro lembrou que foram transferidos R$ 15 milhões, de um total previsto de R$ 60 milhões, para a recuperação de mais de três mil poços de água. Na operação carro-pipa, que mantém quase 4,3 mil veículos abastecendo 735 municípios, considerando apenas as intervenções do Exército, foram repassados R$ 361,8 milhões entre janeiro e dezembro deste ano.
Edição: Carolina Pimentel