Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, detalhou hoje (17) o processo que levou à queda no fornecimento de energia no último sábado (15), causando desligamento de parte do sistema elétrico em 12 estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Ele disse que a interrupção foi um problema pontual e descartou a possibilidade de racionamento de energia no país em 2013.
Chipp disse, no entanto, que as equipes técnicas ainda não chegaram a uma conclusão do que pode ter ocorrido em Itumbiara. Segundo ele, não há problemas de manutenção na usina. “É preciso muito cuidado antes de anunciarmos algo. Temos que deixar os especialistas investigarem, para a gente não se precipitar. Manutenção e operação estão em dia”, declarou.
Segundo a ONS, a origem da queda de energia foi o desligamento das seis turbinas da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, na divisa de Goiás e Minas Gerais, o que levou a uma queda de geração imediata de 1.180 megawatts (MW), provocando oscilação e desligamentos preventivos no sistema.
“Está descartado [o racionamento]. Se precisar manter [usinas] térmicas o ano todo, nós vamos manter. O custo mais alto é o custo do racionamento”, disse Chipp, que garantiu não haver preocupação com o nível de água dos reservatórios das usinas: “Não há qualquer risco. As térmicas vão continuar gerando até que as chuvas se efetivem”, garantiu.
O dirigente disse ainda que os reservatórios de água estão se recuperando. “Do meio de dezembro para cá, tivemos um sinal muito positivo. Já está chovendo em todas as bacias do sistema, com exceção da Região Sul, com muito maior intensidade do que estava antes. A previsão dos meteorologistas é que as chuvas continuem”.
O ONS detalhou em nota a sucessão de fatos a partir do desligamento de Itumbiara: “Com a fragilização da interligação entre os sistemas Norte/Nordeste/Centro-Oeste e Sul/Sudeste, em um momento em que o sistema Sul/Sudeste recebia cerca de 5.000 MW do Sistema Norte/Nordeste, teve início um processo de instabilidade operativa, que resultou na abertura das demais interligações entre essas regiões, separando completamente os dois sistemas”.
De acordo com o ONS, além da perda dos 5.000 MW, houve desligamentos em caráter preventivo de usinas termelétricas, em um total de 3.000 MW, causados pela oscilação no sistema. Porém, o processo de recomposição foi quase imediato, com 50% das cargas das regiões Sudeste/Centro-Oeste restabelecidas em 30 minutos e 90% das cargas retomadas em 60 minutos.
O diretor-geral do ONS disse que uma das medidas possíveis para se evitar o problema é isolar a usina por meio de um disjuntor próprio, sem necessidade do desligamento de linhas de transmissão. “Se tivéssemos um disjuntor, desligando a usina e não linhas, só desligaria a usina. Hoje, o desligamento de uma usina como Itumbiara, com 1.200 MW ou 1.500 MW, não faria nem cócegas no sistema. Você perde a usina, mas não perde linhas.”
Edição: Davi Oliveira
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