Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A seca no Sul dos Estados Unidos, o registro de furacões como o Sandy e outros problemas provocados por fenômenos semelhantes na costa da Flórida foram lembrados por um grupo de adolescentes americanos durante manifestação que abriu a semana da reunião de alto nível da 18ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP18) em Doha, capital do Catar. Com o objetivo de pressionar os negociadores americanos que estão participando do encontro, o grupo coordenado por uma organização não governamental norte-americana exibiu faixas e cartazes cobrando as promessas do presidente reeleito Barack Obama.
No discurso de vitória das últimas eleições, Obama defendeu um futuro para a América do Norte sem dívidas, desigualdade ou ameaças climáticas. Apesar das palavras do presidente reeleito, os Estados Unidos têm se mantido à parte das metas internacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa.
O Congresso americano não ratificou tratados, como o Protocolo de Quioto, desde o início das negociações em 1997, quando várias economias comprometeram-se com metas para manter a temperatura global em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, um limite que os cientistas apontam como mínimo para conter os danos às comunidades e aos ecossistemas.
Apesar da expectativa sobre um novo acordo em Copenhague, na Dinamarca, em 2009, as negociações fracassaram, principalmente em função de tensões entre os Estados Unidos, a China e a Índia.
Na COP18, os Estados Unidos também não vão participar do novo período de compromissos de Quioto, que está sendo negociado em Doha. O grupo de adolescentes pediu que os negociadores norte-americanos se dediquem ao menos ao debate que permita construir bases para um acordo em 2015. Os países signatários da convenção fizeram acordo, no ano passado, e estabeleceram metas para todas as nações. Diferentemente do que ocorre atualmente, tanto as economias desenvolvidas quanto as de países em desenvolvimento terão compromissos obrigatórios para reduzir os impactos provocados pelas mudanças climáticas.
Na semana passada, quando os negociadores internacionais começaram a se debruçar sobre as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, cientistas do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK, na sigla em inglês) alertaram que "não é possível negociar com a natureza" e que os líderes mundiais precisam assumir propostas ambiciosas rapidamente.
Ainda durante a COP18, um estudo do PIK mostrou que a taxa de aumento do nível do mar nas últimas décadas é maior que a prevista pelas últimas previsões da convenção. Ao avaliar projeções climáticas no período de 1990 a 2011, os cientistas do instituto alertaram que os oceanos estão subindo 60% mais rápido do que as últimas estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Os pesquisadores compararam as previsões de dados de satélite com os medidores de marés. Segundo eles, enquanto o IPCC projetou o aumento do nível do mar a uma taxa de 2 milímetros (mm) por ano, dados de satélite, que são mais precisos, indicam índice de 3,2 mm por ano.
A notícia coloca em alerta milhões de pessoas que podem ser afetadas diretamente por essa alteração, principalmente comunidades que vivem em áreas costeiras e em megacidades como Tóquio (Japão), vulneráveis ao maior risco de tempestades, erosão e enchentes que podem inundar cidades inteiras.
Edição: Graça Adjuto