Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A partir do início da tarde, as 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampadas há quase quatro meses na Fazenda Gama Catetinho vão desocupar pacificamente a área. A saída dos trabalhadores das terras que pertencem ao governo do Distrito Federal (GDF) foi acordada hoje (3), depois de uma reunião que durou toda a manhã, entre representantes do movimento social e da Ouvidoria Agrária Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
A propriedade fica a mais de 20 quilômetros do centro de Brasília. O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, explicou que o GDF se comprometeu a fornecer lonas e transporte para as famílias acampadas e garantiu que as viaturas da Polícia Militar que estavam no local já deixaram o acampamento para garantir a tranquilidade na retirada dos trabalhadores.
“Também serão distribuídas cestas de alimentos para as 400 famílias até o final dessa semana”, disse. “Acertamos também que haverá reunião com o GDF imediatamente após a desocupação da fazenda. Pode ser ainda hoje se a desocupação for concluída hoje, ou amanhã”, acrescentou.
Gercindo José da Silva Filho explicou que mais 900 famílias acampadas no local pertencem a outros movimentos e também terão que deixar o acampamento.
A coordenadora nacional do MST no Distrito Federal, Maria Lucimar Nascimento da Silva, disse que o movimento não vai divulgar o local para onde as famílias serão levadas. Segunda ela, a expectativa dos trabalhadores é conseguir um posicionamento do governo local em relação a toda questão agrária na região.
“O GDF não veio para a mesa [de negociações hoje] porque disse que não negocia enquanto a área não estiver desocupada. Então vamos desocupar. Mas não estamos discutindo só o problema do Acampamento 22 de Agosto [uma menção à data em que a fazenda foi ocupada], mas a reforma agrária que está abandonada no Distrito Federal”, disse.
Segundo Lucimar, desde março deste ano, o movimento tenta marcar uma reunião para definir as prioridades dos trabalhadores sem terra, mas o GDF ainda não agendou uma data para o debate.
“O Fórum da Reforma Agrária do Distrito Federal não está atendendo as demandas da reforma agrária. Não tivemos avanço. O único avanço até agora foram as intervenções da ouvidoria agrária em relação à violência contra o movimento”, criticou, destacando que o MST na região reivindica o assentamento regularizado de quase 2 mil famílias.
Edição: Lílian Beraldo