Luciano Nascimento*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão da Verdade do Rio Grande do Sul receberam hoje (27) do governador gaúcho, Tarso Genro, documentos oficiais relativos ao período da ditadura militar (1964-1985). No material constam informações inéditas sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, em 1971, e a participação de militares no atentado do Riocentro, em 1981, na capital fluminense.
O documento foi aprendido pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na residência do coronel do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do Destacamento de Operações de Defesa Interna - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Os policiais encontraram o material quando investigavam o assassinato de Molinas. Ele foi morto a tiros, no começo deste mês, ao chegar à casa onde morava em Porto Alegre.
Tarso Genro entregou os documentos, em ato ocorrido no Palácio Piratini, ao coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Claúdio Fonteles, e ao coordenador interino da Comissão da Verdade do Rio Grande do Sul, Aramis Nassif. A filha de Rubens Paiva, Maria Beatriz Paiva Keller, recebeu das mãos do governador uma cópia da ficha do registro de entrada do pai no DOI-Codi, datada de 21 de janeiro de 1971
“Agora existem documentos que mostram com detalhes como Rubens Paiva foi detido e sobre o envolvimento de militares no atentado do Riocentro. Os documentos são a materialização da suspeita”, disse Nassif à Agência Brasil.
O coordenador da CNV, Claúdio Fonteles, fez um apelo às pessoas (civis ou militares) que tenham arquivos em casa que os disponibilizem para a comissão. “Espero que este ato, mesmo que motivado por uma adversidade, estimule as pessoas a nos mandar os seus arquivos de forma voluntária, se tiverem receio de entregar, podem fazer isto de forma anônima”, declarou.
Ontem (26), a Comissão Nacional da Verdade recebeu das mãos do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, uma série de documentos que relatam a perseguição e captura de dissidentes políticos com a colaboração das ditaduras da Argentina, Bolívia, do Chile, Paraguai e Uruguai, na chamada Operação Condor.
*Com informações da Secretaria de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul
Edição: Aécio Amado