Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – No século 19, o fotógrafo Revert Henry Klumb já usava técnicas para simular imagens tridimensionais. Essa, no entanto, é apenas uma curiosidade a respeito do alemão que, a partir de 1850, documentou o cotidiano do Rio de Janeiro e chegou a ser fotógrafo da Casa Imperial do Brasil. Nessa época, deu aulas de fotografia para a Princesa Isabel.
As imagens produzidas por Klumb podem ser vistas pelo público na Caixa Cultural, na Praça da Sé, centro da capital paulista. São mais de 60 peças dos acervos do Museu Imperial de Petrópolis e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
“A exposição tem um panorama da produção fotográfica de Klumb, tendo como eixos essas duas cidades: o Rio de Janeiro e Petrópolis”, explica o curador da mostra, Carlos Eduardo França de Oliveira. Nos dois municípios, o fotógrafo retratou o cenário urbano, os edifícios públicos e as residências. “Mas, sempre com o cuidado de mostrar o cotidiano da cidade, ou seja, não é uma fotografia oficialesca”.
A diferença essencial entre a produção nas duas cidades é que, ao chegar em Petrópolis, Klumb tornou-se fotógrafo oficial da família real. Então, parte do seu acervo diz respeito a esse cargo. Além disso, à época, Petrópolis era uma cidade recém-criada. “Ele mostra uma cidade que ainda estava nascendo. É uma cidade em construção”, ressalta o curador.
Sobre esse período, Oliveira aponta como destaque uma fotografia com vista geral do Palácio Imperial de Petrópolis. “ Dá para ter uma dimensão de como era Petrópolis no século 19. É um dos poucos registros da cidade nesse período”, diz sobre a imagem.
Em uma foto do passeio público do Rio de Janeiro, Klumb focou em um menino que caminhava. Imagem, que na opinião do curador, retrata fielmente o cotidiano da época. “É uma fotografia que mostra o espaço público carioca, mas também as pessoas que transitavam nesse espaço”, diz.
O alemão foi ainda um dos introdutores da estereoscopia no Brasil. A técnica consiste em fotografar com duas câmeras ao mesmo tempo. As imagens, quase idênticas, são depois vistas em um estereoscópio. O aparelho, semelhante a um binóculo, faz com que o pequeno deslocamento que há entre as imagens crie um efeito tridimensional.
Edição: Fábio Massalli