Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ministros da Educação de países do Mercosul discutiram hoje (23) a criação de um novo indicador educacional latino-americano. Serão incluídos na avaliação do indicador os sistemas educacionais; a metodologia dos instrumentos internacionais, especialmente o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a construção de indicadores regionais da qualidade da educação nos países da América do Sul.
Participaram da reunião os ministros da Educação da Argentina, Alberto Sileone; do Brasil, Aloizio Mercadante, também presidente pró-tempore do Mercosul Educacional; e o vice-ministro da Educação do Uruguai, Luis Garibaldi. Chile, Equador e Peru também estiveram representados. O Paraguai, que está suspenso do bloco, não participou.
De acordo com o ministro da Educação do Brasil, Aloizio Mercadante, o indicador regional deve seguir os moldes do Prova Brasil, aplicado atualmente aos alunos matriculados na 4ª e 8ª séries (5º e 9º anos) do ensino fundamental e na 3ª série do ensino médio. Os estudantes respondem a itens de português, com foco em leitura, e matemática, com foco na resolução de problemas.
Segundo Mercadante, será realizado um seminário em fevereiro, em Buenos Aires, para definições técnicas e metodológicas da avaliação regional. Questionado se haverá prova específica para a construção do novo indicador, o ministro afirmou que a decisão será tomada em conjunto pelos países participantes no seminário de fevereiro. “Neste momento, é prematuro afirmar isso [sobre aplicação de nova prova]. (…) Há metodologias distintas, vamos trocar esses instrumentos e a partir daí ver o que vamos construir de indicadores comuns”, explicou o ministro da Educação. Devem fazer parte do novo indicador os seguintes países: Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Uruguai e Peru.
De acordo com o ministro, a ideia da maioria dos países membros do Mercosul Educacional é permanecer no exame Pisa, mas aprimorar o instrumento. A avaliação tem um dos focos na comparação intercultural de estudantes de 70 países avaliados. Países como Equador e Bolívia não participam do exame. Entre as metas do Pisa está o monitoramento de tendências, prover indicadores internacionais e promover o debate público em relação à educação. No caso da avaliação no Brasil, o programa seleciona 850 escolas para construir o índice.
O Pisa é aplicado a cada três anos e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. Em 2009, participaram 65 países e o Brasil ficou em 54° lugar, quando a ênfase foi dada sobre o domínio da leitura. Em 2012, a ênfase será em matemática.
Para o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, o Pisa apresenta distorções que empurram o Brasil para uma posição menos favorável no ranking internacional. Entre as distorções citadas por Costa estão problemas metodológicos, como o fato do recorte de escolas ser escolhido pela própria organização responsável pelo Pisa, o que não resulta em um retrato fiel do nível educacional brasileiro. Ele citou também o caso da China, que tem uma posição melhor que o Brasil no exame, em que as escolas são selecionada pelo próprio país e são todas da cidade de Xangai. No Brasil, é o próprio Pisa quem seleciona os colégios.
O ministro anunciou ainda a distribuição de mil bolsas de intercâmbio para alunos de graduação, de doutorado e docentes nos países do Mercosul. O investimento previsto é R$ 25,8 milhões oriundos do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem). Ao todo serão oferecidas 3 mil bolsas anuais. A definição quanto à distribuição das bolsas será discutida na próxima reunião do grupo, no dia 7 de dezembro.
Edição: Fábio Massalli