Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, esclareceu hoje (18) que a instalação do empreendimento imobiliário do Grupo Hyatt, na Praia da Reserva, na Barra, está autorizado desde 2005, antes de sua gestão, e explicou que para impedir novas edificações no local transformará a Área de Proteção Ambiental (APA) de Marapendi, do qual o terreno do hotel já fez parte, em área não edificável, por meio de projeto de lei.
No sábado (17), cerca de 400 estudantes e moradores – segundo cálculo da Polícia Militar (PM) - organizaram um protesto no local. Vestidos de verde e branco, colaram cartazes e faixas nos tapumes da obra pedindo que o empreendimento seja embargado. Mais uma manifestação está prevista para o próximo sábado (24), na Avenida Sernambetiba.
Ao vistoriar obras do metrô no Leblon, Eduardo Paes disse que há restrições, mas não uma lei proibindo construções em APA. “Essa é uma área que tinha potencial construtivo. Aliás, toda a região tem. O fato de ser APA não quer dizer que não pode fazer nada, há um equívoco nisso”, disse. “Não só ali pode construir, como no resto da reserva também pode”, explicou Paes, sobre a região onde está o empreendimento.
Para impedir novas construções de frente para o mar e entre as lagoas, o prefeito lembrou que enviou um projeto de lei para Câmara de Vereadores no início de novembro. “O que estamos fazendo é isso, transformando aquilo que é uma APA em um parque, ou seja, impedindo que se construa qualquer coisa, ou seja, há um ganho”, acrescentou.
Durante a manifestação na Praia da Reserva no sábado (17) houve confronto com a Polícia Militar quando as duas faixas da Avenida Sernampetiba foram fechadas. Os policiais reagiram com gás de pimenta para liberar a rua.
“Foi totalmente desnecessário aparecer com fuzil e reagir com spray de pimenta em um evento cheio de famílias, crianças e jovens”, disse Lui Fuller, de 16 anos, um dos organizadores. Segundo ele, das quatro horas de protesto, o confronto se resumiu a 30 minutos. “Era muita gente, não tínhamos como controlar todos”, completou.
Para os jovens, o licenciamento dado ao Hyatt pela prefeitura é um contrassenso com os compromissos assumidos na Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada na cidade, em junho. “A nossa briga não é com quem comprou a área. É com quem vendeu o terreno, nesse caso, a prefeitura”, completou Lui.
A reportagem não conseguiu contatar o Hyatt, responsável pela obra do hotel, que também terá unidades residenciais à venda. Os valores das unidades ultrapassam R$ 2 milhões.
Edição: Fernando Fraga