Preservação do mico-leão-dourado recebe recursos não reembolsáveis do BNDES

14/11/2012 - 16h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O mico-leão-dourado, espécie ameaçada de extinção, vai ganhar mais espaço no seu habitat com o reflorestamento de 62 hectares de Mata Atlântica na Reserva Biológica de Poço das Antas, no município de Silva Jardim, na região norte fluminense. O trabalho está sendo feito pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) que recebeu R$ 1 milhão de recursos não reembolsáveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O reflorestamento começou esta semana com a preparação do terreno para posterior plantio de árvores nativas e sua manutenção, disse hoje (14) à Agência Brasil o secretário executivo da AMLD, Luís Paulo Ferraz. A expectativa é concluir o trabalho em dois anos. Ferraz observou a importância da recuperação dessa mata de baixada dentro da Reserva Biológica de Poço das Antas, para preservação do primata. “É uma recuperação florestal dentro de uma reserva biológica. Isso é da mais alta importância porque aqui a gente tem um trabalho relevante com relação à conservação do mico-leão-dourado”.

Para salvar a espécie, entretanto, os pesquisadores trabalham em uma área bem mais ampla, que engloba oito municípios do estado do Rio de Janeiro. “A gente trabalha pensando em uma população mínima viável para manter o mico-leão-dourado a salvo da extinção a longo prazo em pelo menos 2 mil animais”. Alertou, porém, que não basta ter um número de indivíduos em um ambiente tão fragmentado como é a Mata Atlântica na região.

“A gente precisa ter uma área mínima de 25 mil hectares de florestas protegidas e conectadas”. Hoje, a estimativa é que estejam protegidos e conectados 10 mil hectares de Mata Atlântica. “Temos muito trabalho para fazer, embora a população de micos esteja próxima de 1,7 mil animais”, disse Luís Paulo Ferraz. Frisou que o problema maior hoje é a falta de florestas. “Por isso é tão importante esse trabalho de restauração florestal. Para nós, hoje, essa é uma estratégia extremamente importante”, ressaltou.

O secretário executivo da AMLD admitiu que a continuidade da parceria iniciada agora com o BNDES, por meio da Iniciativa BNDES Mata Atlântica, poderá trazer muitos benefícios para o projeto de preservação do mico-leão-dourado. “Se a gente puder construir uma parceria de longo prazo, seria muito bom para nós”. A associação conta hoje com 20 funcionários para um trabalho que é feito em parceria com instituições de ensino superior nacionais, caso da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e instituições estrangeiras. O ideal, estimou Ferraz, seria contar com 200 funcionários. Mesmo assim, estimou que “200 pessoas não dariam conta de toda a demanda que existe”.

A AMLD comemora este mês 20 anos de fundação com a realização, na reserva biológica, de um encontro técnico-científico entre os dias 23 e 25, do qual participarão pesquisadores, parceiros, produtores rurais. Estão previstas atividades abertas ao público. Ferraz ressaltou que o município de Silva Jardim detém o maior número de reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs), ou parques privados, graças ao trabalho incentivado pela associação com os proprietários rurais. Ele celebrou o fato de o número de micos já estar próximo de 2 mil, contra os 200 animais existentes quando a associação iniciou o seu trabalho de preservação da espécie.

Durante o evento, será lançada campanha para escolha do mico-leão-dourado como mascote dos Jogos Olímpicos de 2016. “Eu acho que o mico-leão-dourado, como uma espécie símbolo da conservação da Mata Atlântica, que tem uma história de recuperação brasileira de sucesso, um bicho que é carismático e bonito e é do Rio de Janeiro, onde ocorrerão as Olimpíadas, ele tem um potencial grande para ser mascote. E a gente quer participar desse processo e lançar a candidatura”, disse.

De acordo com dados fornecidos pela assessoria de imprensa do banco, a Iniciativa BNDES Mata Atlântica conta com 15 projetos aprovados em sete estados, cujo valor total alcança R$ 39,9 milhões, visando ao reflorestamento de área superior a 3.300 hectares do bioma.

 

Edição: Aécio Amado