Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As dificuldades que surgem com a morte de um parente podem ir além da dor da perda. A conta a ser paga com serviços funerários, por exemplo, pode ser um motivo a mais de preocupação por ultrapassar os limites orçamentários de muitas famílias.
Levantamento realizado pela Agência Brasil no Distrito Federal aponta que as famílias gastam pelo menos R$ 2 mil por um sepultamento. Os pacotes mais simples oferecidos pelas principais funerárias da região, que incluem serviços básicos, como transporte do corpo, o caixão e a sua ornamentação, custam, em média, R$ 1 mil. Além disso, é preciso pagar pelo arrendamento das gavetas em um cemitério, o que também fica em torno de R$ 1 mil.
A garçonete Juacimária Bispo, 50 anos, surpreendeu-se quando fez orçamentos para o enterro da mãe, há dois anos. Sem contar com uma poupança suficiente para arcar com a despesa total de R$ 3 mil, ela precisou da ajuda dos oito irmãos para dividir os gastos.
“O valor assustou todo mundo. Eu não tinha o dinheiro todo para pagar, não tinha condições de assumir sozinha. O mais barato que consegui encontrar, na época, equivalia a três vezes o meu salário”, contou ela, que fechou o pacote mais simples, depois de pesquisar os preços em pelo menos quatro funerárias.
“Os preços não variavam muito, todas cobravam mais ou menos os mesmos valores”, reclamou.
Josefa Cardoso da Silva, 57 anos, teve que desembolsar um pouco mais para garantir itens, como caixão e roupa, com um pouco mais de qualidade. Ela também contou com a ajuda dos irmãos para pagar os R$ 4 mil relativos apenas ao serviço funerário do enterro do pai, há cerca de um ano.
“Como já tínhamos adquirido uma gaveta quando a minha mãe morreu, cinco anos antes, só tivemos que pagar o pacote da funerária, que foi um intermediário, porque queríamos itens um pouco melhores. Ainda bem que os irmãos tinham condição de pagar por isso”, disse.
No Distrito Federal, as famílias que não têm recursos para pagar as despesas do sepultamento podem recorrer à Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda e solicitar o serviço funerário social.
De acordo com a secretária adjunta da pasta, Ana Lígia Gomes, o benefício é disponibilizado às famílias com renda por pessoa inferior a um salário mínimo. Os interessados devem procurar uma unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) com os seguintes documentos: certidão de óbito, guia de sepultamento, documentos de identificação própria e de identificação do morto. Durante os fins de semana, o serviço pode ser solicitado na unidade do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que funciona 24 horas.
A secretaria encaminha, em média, 120 sepultamentos por meio do serviço mensalmente.
“O benefício, que é garantido na Lei Orgânica da Assistência Social, inclui o traslado do corpo do Instituto Médico-Legal até um dos cemitérios da região, a urna funerária e as taxas de sepultamento. O Estado se responsabiliza por isso”, disse Ana Lígia Gomes.
Edição: Juliana Andrade