Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A aplicação do horário de verão a partir da 0h do próximo domingo, 21 de outubro, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e no estado do Tocantins representará economia de R$ 280 milhões no período 2012-2013, segundo avaliação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A previsão, feita hoje (16), diz respeito à redução de contratação de valores nas usinas geradoras termelétricas e é mantida mesmo após recuo do governo estadual da Bahia, que decidiu não aderir ao horário de verão devido ao alto grau de rejeição da população.
O horário de verão vai até dia 17 de fevereiro de 2013. As estimativas do órgão são economia entre as 4% e as 4,5% da demanda para o horário de pico, entre as 18h e as 21h, nos 119 dias em que durará a alteração, ao passo que o Ministério das Minas e Energia e o professor Reinaldo Castro Souza, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, ouvidos pela Agência Brasil, estimam economia entre 5% e 5,5%. Segundo o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, a medida terá repercussão financeira ao consumidor, pois diminui os custos de operação e reflete sobre o valor pago pela energia.
A conta do impacto, porém, não é direta. Os valores de contratação oscilam e a compra de energia é feita primeiro entre as geradoras com preços mais baixos. Conforme se torne necessário comprar uma quantidade maior de energia de fontes mais caras, o preço pago por essa energia também aumenta.
“Com a redução do carregamento do sistema, você precisa de menos térmicas. O outro benefício é que, evidentemente, com a redução do consumo no horário de pico, o sistema fica mais descarregado e fica menos suscetível a contingências e com menor possibilidade de interrupção para os consumidores”, explicou Chipp.
O efeito ocorre na diminuição da contratação para horários específicos. O ONS estima que a economia de energia, no todo, não ultrapasse os 0,5% no período abrangido. O deslocamento, porém, seria benéfico mesmo na Bahia, com ganhos estimados de 3% de economia no horário de pico.
O sistema nacional de energia opera nesta primavera com termelétricas atuando, por conta, principalmente, do baixo nível de precipitações e queda no volume dos reservatórios, que estão abaixo da média dos últimos três anos e próximos da reserva mínima.
Este ano, em função do fenômeno meteorológico El Niño, espera-se um volume de chuvas baixo no Nordeste, o que pressiona a geração energética da Região Sudeste, principal responsável por suprir a região. “Temos precisado, a cada ano, de mais energia para atender ao consumo de ponta e este ano será bem mais significativo”, disse Chipp.
Para o diretor-geral da ONS, a economia será significativa, mas o uso de energia térmica deve superar o ano passado, carga que começa a ser usada de maneira mais intensiva entre final de outubro e começo de novembro, com o aumento das temperaturas. Em 2011, a geração por usinas termelétricas custou mais de R$ 1 bilhão, segundo o diretor.
Para efeito comparativo, os preços nos leilões atingiram, em média, R$ 80 para o megawatt-hora(MWh) para a energia das hidroelétricas, considerando lotes de energia de grandes hidrelétricas, entre elas Jirau e Belo Monte, que estão em construção, e R$ 140 por MWh para a energia térmica.
Em relação às recentes interrupções de energia em todo país, Chipp disse que foram problemas pontuais, nos quais os sistemas de segurança entraram em operação, e que não se trata de desligamentos por uso acima da capacidade do sistema, como no caso recente do sistema elétrico indiano. “A melhor lição que se tira é você pegar o que aconteceu e verificar se você precisa fazer alguma medida adicional. A gente já vinha fazendo um trabalho de verificar isso, permanentemente, de maneira preventiva”, explicou.
O órgão deve diminuir o tempo entre as verificações, nos pontos estratégicos do sistema, que hoje conta com mais de 100 mil quilômetros de extensão, e deve interligar todos os estados do país até o começo de 2014. Hoje as áreas de Manaus e Macapá operam separadamente do sistema nacional.
Edição: Fábio Massalli