Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A queda das vendas de motocicletas observada no mês de setembro está diretamente ligada ao crédito mais seletivo que vem sendo adotado por bancos públicos e privados. A análise foi feita hoje (4) pelo diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), José Eduardo Gonçalves, durante divulgação de balanço do setor.
De acordo com os dados, no acumulado do ano, as vendas de motocicletas ao consumidor final caíram 13,3%, com a comercialização de 1.242.891 unidades, enquanto no mesmo período do ano passado foram vendidas 1.434.322 motocicletas. Na comparação com setembro do ano passado, a redução nas vendas foi de 33,9%, com 115.269 unidades contra 174.487. Com relação a agosto, o mês de setembro apresentou recuo de 18% nos emplacamentos (140.620).
Com a dificuldade de acesso ao crédito, a alternativa encontrada pelo consumidor tem sido o consórcio, segundo Gonçalves. "O consórcio acaba sendo um grande auxiliar para o segmento. Dos 5 milhões de cotistas, 2,3 milhões estão no segmento de motocicletas".
Gonçalves destacou que, com o mercado não respondendo de acordo com as expectativas das montadoras, a produção foi impactada pela redução das vendas. De janeiro a setembro houve queda de 17,7% com 1.352.753 novas unidades contra 1.644.099 montadas em igual período do ano passado.
Na comparação com setembro de 2011, a retração na produção foi de 30,2% com 130.942 ante 187.475. A produção mensal ficou 26,5% menor que em agosto, quando foram produzidas 178.475 unidades.
Na avaliação de Gonçalves, medidas anunciadas ontem (3) pela Caixa Econômica Federal, que apresentou um plano específico para motocicletas de 100 cilindradas, podem dar impulso nas vendas. "Esse plano oferece redução de tarifa, 36 meses para pagar, juros de 2,10% ao mês, e entrada a partir de zero, o que é o mais importante de tudo".
Com base nessa nova medida, a expectativa da Abraciclo é que as vendas cresçam 3% no quarto trimestre. A entidade estima que o setor deve fechar o ano com queda de 16% na produção, redução de 17% das vendas no atacado e de 15% das vendas no varejo.
Edição: Davi Oliveira