Em visita ao Brasil, Cameron deve indicar que país é parceiro diferenciado para o Reino Unido

27/09/2012 - 10h34

Da BBC Brasil

Brasília – O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, chega hoje (27) ao Brasil para uma visita de dois dias cuja prioridade é ampliar as relações econômicas e comerciais. Sob efeito da crise econômica internacional, o Reino Unido tenta superar os impactos. Para o ministro das Relações Exteriores, William Hague, é o momento de “reverter” o que chamou de “negligência”anterior sobre as relações entre britânicos e brasileiros.

Cameron tem a mesma disposição. Ele vem ao Brasil e passa hoje por São Paulo e pelo Rio de Janeiro. Amanhã (28), tem uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff em Brasília. Além das questões econômicas, em pauta estão a cooperação para a organização dos Jogos Olímpicos no Rio e o Programa Ciência sem Fronteiras.

"Os britânicos estão investindo nas relações com os países emergentes, e, neste grupo, o Brasil é identificado como o que tem valores mais próximos aos da Grã-Bretanha [Reino Unido], pois é uma economia de mercado com uma cultura ocidental", disse o diretor do Instituto Brasileiro do King's College, Anthony Pereira.

Pereira disse ainda que os britânicos querem ter um interlocutor na América Latina em um momento em que as relações estão tensas com países, como a Argentina devido à disputa pelas Ilhas Malvinas.

Em 2010, ao assumir o governo, Cameron citou o Brasil como um dos países com os quais o Reino Unido precisava reforçar seus laços. Desde então, representantes britânicos, entre eles Hague e o príncipe Harry, fizeram mais de 30 viagens para a América Latina, sendo o Brasil o principal destino.

A cooperação também ganhou impulso durante as Olimpíadas de Londres, em julho, quando autoridades brasileiras foram convidadas para observar todos os aspectos da organização dos Jogos.

Antes de Cameron, Tony Blair, primeiro chefe de governo britânico a visitar o Brasil em 2001, iniciou o processo de estreitamento das relações com o Brasil. Em 2006, os dois países formaram o Comitê Econômico e de Comércio Conjunto (cuja sigla é JETCO, em inglês).

O diretor-executivo da consultoria Ernst & Young, Ed Hudson, que coordenou um estudo sobre os negócios britânicos no Brasil, observou que a longo prazo, o crescimento da classe média de países emergentes será um dos motores da economia mundial. “Nesses mercados que as empresas britânicas precisam investir, se quiserem sobreviver", disse.

Porém, as revisões para baixo nas estimativas sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012 afetaram o entusiasmo britânico com o Brasil, segundo John Doddrell, cônsul-geral do Reino Unido em São Paulo e diretor da agência britânica de comércio e investimentos (UKTI, na sigla em inglês) no Brasil.