Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Marcado por um alegado atentado e pela proibição de campanhas em áreas com a presença do tráfico de drogas, o processo eleitoral em Itaboraí, região metropolitana do Rio, deve “tomar novos rumos” a partir de hoje (26). A avaliação é do juiz responsável pela zona eleitoral, Marcelo Villas, após encontro entre os cinco candidatos à prefeitura e o presidente do Tribunal Regional do Rio de Janeiro (TRE-RJ), desembargador Luiz Zveiter.
A reunião, realizada no Fórum de Itaboraí, ocorreu durante uma operação para recolher material irregular de campanha, motivada por uma preocupação com o descumprimento da legislação eleitoral. “Não só em campanha, com um suposto atentado, ameaça a candidatos, além de candidatos impedidos de ir a certas localidades”, completou Villas.
Durante a reunião, o juiz Marcelo Villas relatou que Zveiter pediu aos candidatos à prefeitura que “tomassem a frente e se responsabilizassem pelos integrantes de suas coligações". A expectativa é que o recado chegue aos candidatos à Câmara de Vereadores, principalmente nas áreas conflagradas, como Complexo da Reta e Morro do Catiço.
“Tem áreas dominadas pelo tráfico de drogas que alguns candidatos não estavam podendo ingressar. Com a participação do presidente [do TRE], o que demonstra a presença do Estado nesta terceira operação, posso dizer que o efeito foi imediato”, afirmou. Como exemplos, disse que carros de som pararam de circular em frente a órgãos públicos e placas irregulares foram retiradas.
“A cidade está, assim, quase como se não tivesse eleição”, disse o juiz, que não abre mão das tropas federais durante o pleito em Itaboraí, mesmo diante das mudanças. “Acho que é necessário, isso é uma questão fechada”, informou. O pedido de tropas federais, que inclui outras seis cidades no Rio, aguarda julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Antes do encontro com os candidatos, o desembargados Luiz Zveiter disse que o ataque a um coordenador de campanha, no início do mês, “deve ser tratado como uma questão criminal”. Porém, reconheceu que há acirramento das campanhas em municípios que recebem volumosos recursos do petróleo, sendo Itaboraí, sede do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O coordenador de Fiscalização do TRE-RJ, Luiz Fernando Pinto, confirmou que dezenas de faixas, cartazes e cavaletes irregulares de campanhas foram retirados do município e serão levados para um depósito do tribunal, na cidade do Rio. A maioria do material estava em vias públicas, postes, árvores, a menos de 200 metros de órgãos de governo ou fora do padrão legal.
Além de Itaboraí, o TRE-RJ pediu apoio de tropas federais para Macaé e Campos dos Goytacazes, no norte fluminense; Cabo Frio e Rio das Ostras, na Região dos Lagos; Magé, na região metropolitana; e a capital, onde os agentes devem ir para a zona oeste e para o Complexo da Maré. “Temos notícias de que três facções teriam fugido para lá”, disse Zveiter.
Edição: Davi Oliveira