Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Banco Central (BC) revisou hoje (25) a projeção de déficit em transações correntes, saldo negativo das compras e vendas de mercadorias e serviços do país com o exterior, que passou de US$ 56 bilhões para US$ 53 bilhões, este ano.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, a estimativa passou de 2,38% para 2,31%, para este ano.
Um dos itens que influenciou o projeção do saldo negativo das transações correntes foi a conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários). A estimativa de saldo negativo passou de US$ 37,9 bilhões para US$ 34,7 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, as remessas de lucros e dividendos mais moderadas foram o “principal fator” para a revisão do saldo das contas externas. A moderação nas remessas de lucros e dividendos de empresas filiais no Brasil para o exterior estão contidas devido ao ritmo da atividade econômica mais lenta, o que reduz a rentabilidade. Além disso, o dólar mais caro desestimula o envio de recursos para fora do país. Para enviar os recursos para o exterior, as empresas têm que converter em dólares o lucro auferido em reais.
Em contrapartida, de acordo com Maciel, aumentaram os recursos de filiais de empresas brasileiras no exterior que vêm para o Brasil. “O investimento brasileiro no exterior tem aumentado ao longo dos últimos anos. É natural que em algum momento isso se revertesse em lucros”, disse. Além disso, segundo Maciel, o dólar mais alto “pode influenciar no momento em que a empresa traz esses recursos” para o Brasil.
No caso da balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros e outros), a revisão do saldo negativo variou de US$ 39 bilhões para US$ 39,1 bilhões.
A balança comercial, formada por exportações e importações, contribui para compensar o resultado negativo dos outros itens da conta-corrente. A projeção para o superávit comercial foi mantida em US$ 18 bilhões.
As transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) devem ter ingresso líquido de US$ 2,8 bilhões este ano, a mesma estimativa anterior.
Edição Beto Coura