Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A queda dos juros, aliada a operações de trocas de títulos, está provocando a ampliação do prazo para o governo renovar o endividamento público. Segundo dados divulgados hoje (24) pelo Tesouro Nacional, o prazo médio da Dívida Pública Federal (DPF) atingiu 4,05 anos em agosto, o maior intervalo da série histórica.
O prazo médio representa o tempo que o governo leva para renovar completamente a dívida pública, resgatando os títulos que vencem e vendendo novos papéis no mercado. Intervalos mais longos são favoráveis para o Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de renegociação (rolagem).
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, uma operação de troca de R$ 14,9 bilhões de títulos por NTN-B (papel corrigido pela inflação) de longo prazo, com vencimento em 2040 e 2050, contribuiu para a elevação do prazo médio da dívida pública. Além disso, destaca Garrido, os investidores também estão procurando títulos prefixados (com juros definidos antecipadamente) de prazo mais longo.
O atual ciclo de redução dos juros, ressaltou Garrido, tem estimulado a venda de papéis de maior prazo. “A queda dos juros básicos está estimulando os investidores a migrar para papéis de longo prazo, que têm rentabilidade maior. A busca por maior rendimento está elevando o prazo”, disse Garrido, ao explicar o resultado da DPF em agosto. Em alguns casos, ressaltou o coordenador, NTN-B de longo prazo renderam mais de 50% nos últimos 12 meses.
Por meio da dívida pública, o governo pega emprestados recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio. No caso de uma NTN-B com vencimento em 2050, o governo devolverá o dinheiro somente daqui a 38 anos, com correção pela inflação do período.
De acordo com o coordenador, a tendência é que o recorde no prazo médio não se repita nos próximos meses, porque, até o fim do ano, o Tesouro emitirá títulos de prazo mais curto, que reduzirão o prazo médio do estoque da dívida pública. Garrido prevê que a DPF encerrará 2012 com prazo médio em torno de 3,98 anos, limite superior das metas estabelecidas no Plano Anual de Financiamento (PAF) do governo.
“Acreditamos que a dívida pública deverá encerrar o ano próxima de 3,98 anos. Um pouco acima ou um pouco abaixo”, disse Garrido. O Tesouro divulga o resultado apenas em anos, não em meses. Ele disse, no entanto, que o governo quer elevar o prazo médio para um intervalo entre cinco e seis anos antes do fim da década.
Edição: Fábio Massalli