Disputa de festival se concentra nas categorias principais

23/09/2012 - 11h20

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A penúltima noite de mostras competitivas do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ontem, se concentrou, nas produções que disputavam as categorias principais: Olho Nu, longa-metragem documentário que retratou a vida de Ney Matogrosso, e Noite de Reis, do carioca Vinicius Reis, que encerrou a noite, com o drama de uma família que tenta reconstruir-se depois da perda de um filho.
 
O fato de os brasilienses constituírem o público majoritário provavelmente explica o interesse demonstrado ontem pela maior parte da plateia: os espectadores estavam atentos à única produção do Distrito Federal presente nas mostras competitivas.

O curta-metragem documentário A Ditadura da Especulação, de Zé Furtado, que abriu a noite de exibições, foi o único selecionado, entre mais de 100 produções brasilienses inscritas na competição.

Com uma proposta de ir além de um filme, o diretor, que na verdade é um coletivo de cineastas responsáveis pela obra, declarou, antecipadamente, que a proposta era mobilizar a população da cidade em torno da situação de um novo bairro em construção na capital.

“Este filme é uma ferramenta politica que se desdobra em ações práticas”, explicou Alan Schvarsberg, um dos responsáveis pela trama. A produção retrata o movimento de resistência ao avanço das construções de um novo bairro (Noroeste) em Brasília em uma área onde vivem alguns indígenas.

A trama é a continuação de um documentário apresentado no ano passado [Sagrada Terra Especulada], de um conflito fundiário que começou em 2006 e ainda permanece na capital. “O Sagrada Terra Especulada fez com que a mobilização crescesse. O filme atual aponta este aumento da luta e conflitos com polícia, segurança de empreiteiras, por exemplo. A nossa expectativa é o desdobramento político que o filme possa trazer e de revolta da população a gente quer que as pessoas se indignem com a situação”, disse.
 
No ano passado, Sagrada Terra Especulada ganhou o segundo lugar como longa-metragem. “Acho que o protesto é uma característica daqui [de Brasília]. Não necessariamente pelo fato de ser o centro político, mas tem que ver com o fato de Brasília ser nova com muita coisa construída neste momento e a população jovem. As pessoas não têm aquela visão do ‘sempre foi assim’”, disse Schvarsberg.

Editor: José Romildo//Matéria alterada às 14h42 do dia 27/9/2012 para correção de informação no quinto parágrafo:  A produção retrata o movimento de resistência ao avanço das construções de um novo bairro (Noroeste) em Brasília em uma área onde ainda vivem indígenas. Não foi retirado do local um antigo santuário indígena, como dizia o texto publicado no dia 23/9/2012