Iolando Lourenço e Ivan Richard
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os líderes partidários que integram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira decidiram hoje (4) suspender os trabalhos até o final do primeiro turno das eleições municipais, que ocorre no dia 7 de outubro.
Até as eleições, segundo o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), a ideia é que os parlamentares analisem toda a documentação que já está em poder da CPMI. Segundo Cunha, a comissão já recebeu 1,4 terabytes em arquivos novos que precisam ser analisados pelos membros.
“É necessário amplificarmos toda a análise que temos na CPMI, até porque as oitivas têm sempre o código de silêncio típico da máfia e de uma organização criminosa. A nossa compreensão é a de que, como há o código claro da organização criminosa, é mais produtivos que nos concentremos na análise de dados”, disse o relator.
Único contrário à interrupção dos trabalhos, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), avalia que a paralisação significa o fim da CPMI. “Estão enterrando a CPMI. Estão usando uma desculpa esfarrapada para não se investigar”, disse Bueno. Segundo ele, não há motivos para suspender os trabalho por conta das eleições. “Não temos nenhum parlamentar candidato. Isso é uma desculpa sem cabimento. Tínhamos que quebrar os sigilos das 12 empresas de laranjas da Delta”.
Já o vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), apesar de negar o “acordão” do PT com o PSDB para suspender os trabalhos, reconheceu que seria negativo para a CPMI manter as atividades paralelamente às eleições. “Não podemos deixar que as eleições contaminem os trabalhos, por isso optamos por voltar aos trabalhos em outubro”, disse Teixeira.
Na reunião de líderes ficou definido que na primeira semana depois das eleições de 7 de outubro a comissão ouvirá o deputado Carlos Aberto Leréia (PSDB-GO) e, em seguida, será marcada reunião administrativa para apresentação de um balanço a ser apresentado pelo relator e também votação de requerimentos. Leréia, que segundo a Polícia Federal recebeu recursos do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha depoimento marcado para hoje, mas não compareceu alegando motivos pessoais.
Edição: Fábio Massalli