Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Policiais federais em greve aproveitaram hoje (4) a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no Senado para protestar pela reformulação da carreira de agentes, escrivães e papiloscopistas. O ministro participou de audiência pública sobre o projeto de novo Código Penal em comissão especial destinada a analisar o texto.
Os policiais permaneceram durante toda a audiência, que durou cerca de três horas, dentro da sala vestidos com camisetas e bonés com dizeres SOS para a Polícia Federal. De frente para o ministro, no fundo da sala, os agentes permaneceram calados com poucas manifestações, como aplausos às falas de alguns senadores.
Os agentes,escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF) formam uma das poucas categorias de servidores públicos que não aderiram à proposta do governo de reajuste salarial de 15,8% para o próximo ano e permanecem em greve.
“Nós não queremos aumento de salário, nós queremos a reestruturação da carreira. Se ele [ministro] fizer uma proposta de zero aumento este ano e no próximo, mas apresentar uma tabela de reestruturação da carreira a partir de 2014, eu tenho certeza que levo para a base e nós aprovamos”, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol), Jones Leal.
Segundo Leal, os agentes estão insatisfeitos também com cortes de verbas para operações da PF e redução do pagamento de diárias. Na opinião do sindicalista está havendo um “sucateamento” da estrutura da polícia que já se reflete na redução do número de grandes operações este ano.
Dados apresentados pelo sindicato mostram que, em 2011, houveram 266 grandes operações que resultaram na prisão de 2.089 pessoas. Este ano, até agosto, ocorreram 70 operações com 314 presos.
José Eduardo Cardozo falou com a imprensa na chegada à audiência e admitiu que a paralisação dos agentes da polícia federal atrapalha o país. “É evidente que paralisações de agentes públicos sempre atrapalham, especialmente de um órgão tão importante para o país como é a PF. O que eu posso dizer, apenas, é que a liberdade de manifestação existe. Em casos de abusos e transgressões à lei, aqueles que forem responsáveis serão punidos”, disse.
O ministro evitou a imprensa e os policiais ao fim da audiência utilizando uma saída reservada. Ele não comentou a possibilidade de fazer contraproposta aos sindicatos da Polícia Federal.
Edição: Fábio Massalli