Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ritmo de redução das taxas de juros está menor após cinco meses consecutivos de retração mais “expressiva”, avaliou hoje (30) o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.
Em julho, as famílias pagaram taxa média de juros de 36,2% ao ano, o nível mais baixo da série histórica do BC, iniciada em 1994. No caso das empresas, o recuo foi 0,2 ponto percentual de junho para julho, chegando a 23,6% ao ano.
O spread (diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e a cobrada dos clientes) para pessoas físicas também caiu 0,1 ponto percentual no mesmo período, ficando em 28,4 pontos percentuais. Para as empresas, houve alta de 0,1 ponto percentual para 16 pontos percentuais. “Naturalmente, esse ritmo de redução é um pouco menor agora. [As quedas] Foram muito expressivas nos últimos meses”, disse Maciel.
Nos dados preliminares de agosto, até o dia 17, com 13 dias úteis, a taxa média anual de juros para as famílias subiu 0,8 ponto percentual, em relação ao registrado em julho (36,2% ao ano). No caso das pessoas jurídicas, houve recuo de 0,7 ponto percentual até o dia 17. Se essa taxa se confirmar, os juros para as empresas irão voltar ao piso registrado pelo BC, o que ocorreu em dezembro de 2007, quando ficou em 22,9% ao ano.
Em relação à inadimplência, considerados os atrasos superiores a 90 dias, de empresas e famílias, Maciel destacou que o indicador atingiu um patamar mais alto em janeiro deste ano (5,7%) e vem oscilando ao redor desse patamar. Em julho, a inadimplência de empresas e pessoas físicas chegou a 5,9%. Para Maciel, até o final do ano, deve haver recuo da inadimplência. “O cenário da inadimplência tem uma acomodação, uma estabilidade, com perspectiva de recuo à frente”, disse.
De acordo com Maciel, um dos componentes do crédito que estava puxando a inadimplência para cima eram os financiamentos de veículos, o que gerou problemas principalmente a partir do final de 2010. Mas os bancos estão mais seletivos na concessão de crédito, com prazos menores de financiamento e menor percentual do valor do carro financiado. Na média, no final de 2010, 85% do valor do carro era financiado e atualmente está em 70%.
“Está crescendo bem o crédito de automóveis, mas uma qualidade, bem melhor do que a gente tinha em 2010”, destacou Maciel. Em julho, a inadimplência do crédito para compra de carros ficou estável em relação a junho, em 6%. “Onde estava localizado o maior problema, aparentemente isso vem sendo superado”, acrescentou.
Edição: Lana Cristina