Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Associações e sindicatos negaram hoje (29) que esteja faltando medicamentos no país por causa da greve dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já dura 43 dias. De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), o comando nacional de greve das agências reguladoras - que inclui os trabalhadores da Anvisa – orientou os grevistas para que priorize os serviços essenciais, tais como a distribuição de medicamentos e de cargas perecíveis, de maneira a não prejudicar a população.
Mas, para Carlos Eduardo Gouvêa, secretário executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) a greve continua a afetar a liberação de produtos e equipamentos de saúde que são importados pelas empresas de diagnósticos. “Existe um grande acúmulo de produtos, em geral, nos aeroportos e portos. Dias atrás, a nossa área, principalmente de diagnóstico in vitro, estava com um problema crônico. Os laboratórios ainda seguem com um estoque muito baixo ou sem alguns determinados produtos”, disse Gouvea, em entrevista na tarde de hoje (29) à Agência Brasil.
Segundo o secretário, a força-tarefa montada no final de semana em dois dos principais pontos de entrada do país, os aeroportos Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, (SP) e Internacional Galeão-Tom Jobim, no Rio de Janeiro, contribuiu para liberar parte dessa carga, considerada emergencial.
“Continuamos trabalhando [esta semana] em casos emergenciais apontados por laboratórios e bancos de sangue”, declarou. Os produtos que a força-tarefa conseguiu liberar emergencialmente se referem a marca-passos, órteses, próteses, diagnósticos para HIV e doenças infecciosas, além de medicamentos oncológicos, insulinas e fórmulas para alergia, entre outros, informou.
Gouvêa estima que mesmo que a greve acabe e a liberação das cargas comecem a ser feitas imediatamente a normalização dos estoques e dos fluxos das empresas levem até três meses para normalizar.
Já Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), ouvida na tarde de hoje (29) pela Agência Brasil, informou não ter recebido qualquer notificação das 31 redes associadas sobre interrupção no abastecimento de remédios nas farmácias e drogarias do país.
No Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, que na semana passada alertou para a possibilidade de faltar o medicamento Xeloda, usado na quimioterapia oral, o problema foi solucionado. Segundo a assessoria do hospital, houve uma ameaça de falta do medicamento, mas dois lotes já foram enviados e supriram a necessidade emergencial, dando tranquilidade aos pacientes para os próximos dias.
Na segunda-feira (27), a Anvisa enviou notificação a 14 laboratórios farmacêuticos para que informem a condição de estoque de alguns medicamentos. A agência também pediu para que fosse informada sobre possível falta de produtos e problemas na liberação dos medicamentos. Procurada hoje (29) pela Agência Brasil, a Anvisa informou que já recebeu as respostas dos 14 laboratórios, mas que ainda não foi possível analisar todas as respostas.
A agência ressaltou que tem procurado todas as secretarias estaduais de Saúde para saber sobre a situação dos estoques de medicamentos e que analisa caso a caso quando é notificada sobre algum problema.
Edição: Aécio Amado