Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional avalia que os civis na Síria vivem um “nível terrível de violência”, depois de 17 meses de confrontos e mais de 20 mil mortes no país. A entidade adverte que as violações aos direitos humanos se intensificam no país, sem poupar crianças e jovens. Em muitas situações, as crianças são mortas em casa e os jovens, baleados na cabeça. Em um documento de 11 páginas, a organização destaque que aumenta a repressão por parte das forças aliadas ao governo do presidente sírio, Bashar Al Assad.
"O uso de armas imprecisas, como bombas e balas [por parte] das forças do governo aumentou, e as ameaças se ampliam drasticamente para os civis", disse a consultora sênior da ONG Donatella Rovera, revelando parte das conclusões de uma missão de dez dias da organização em Alepo, a segunda maior cidade da Síria.
Segtundo Donatella, a missão da ONG analisou 30 ataques contra civis em Alepo, inclusive envolvendo crianças que foram mortas e feridas em casa. Um dos casos analisados envolve dez mortos de uma mesma família, sete crianças e três adultos, em 6 de agosto.
Segundo os observadores da organização, muitos perderam a vida procurando abrigo. Uma das situações foi a da família de Hindi Amina, morta com o marido, a mãe e a sobrinha, de 3 meses de idade. Ela e o marido tinham fugido de casa devido aos combates. Morreram em 8 de agosto. Também foi observado que há filas de desabrigados em busca de pão e comida.
"Os civis enfrentam diariamente ataques aéreos e de artilharia das forças do governo em diferentes partes da cidade [Alepo]. Para muitos, não há simplesmente lugar seguro e as famílias vivem com medo do próximo ataque ", disse Donatella. “É imperativo que todas as partes – as forças do governo e combatentes da oposição – em conformidade com o direito humanitário internacional tomem todas as precauções possíveis para poupar os civis", acrescentou.
A Anistia Internacional, no documento, alerta ainda que as violações aos direitos humanos permanecem na Síria com execuções extrajudiciais e sumárias de civis. Segundo os observadores, a maioria das vítimas é homem e jovem. Muitos são algemados e baleados na cabeça. Também foram registrados abusos a prisioneiros.
"É uma vergonha que a comunidade internacional permaneça dividida sobre a Síria, desconsiderando as evidências, sua dimensão e a gravidade dos abusos aos direitos humanos no país, e os civis arcando com o ônus", disse Donatella. Detalhes do relatório podem ser obtidos no site da Anistia Internacional.
Edição: Juliana Andrade