Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O advogado Roberto Pagliuso, que defendeu o ex-chefe de gabinete do Ministério dos Transportes José Luiz Alves no processo do mensalão, reafirmou hoje (15) que seu cliente não tinha ciência de que praticava algo ilícito. Alves responde pelo crime de lavagem de dinheiro por ter sacado R$ 600 mil no Banco Rural em nome do então ministro da pasta Anderson Adauto.
De acordo com Pagliuso, seu cliente foi sacar o dinheiro acreditando que se tratava de dívida de campanha, e veio “na avalanche” da organização criminosa montada por Marcos Valério. “Naquele momento, ele não tinha percepção de absolutamente nada que pudesse configurar em conduta criminosa”, disse Pagliuso.
O advogado ainda argumentou que seu cliente “não tinha o dever de saber que aqueles recursos eram ilícitos” e que o Ministério Público só supôs, mas não provou, que Alves atuou com dolo (intenção de cometer crime).
O defensor retomou a tese de que não há crime de lavagem de dinheiro sem delito antecedente que dê origem à verba suja, mas não se alongou na argumentação, que durou 17 dos 60 minutos previstos. Pagliuso já havia defendido Adauto, ontem (14) na tribuna, e se destacou como um dos advogados mais sucintos.
“Fui até criticado por isso, mas sou um dos últimos advogados a sustentar essa tese. Não me cabe aqui me estender, por uma vaidade até, porque não posso trazer elementos mais consistentes. Não preciso ficar explicando quais os requisitos necessários para lavagem de dinheiro”, justificou.
O advogado ainda ressaltou que hoje é aniversário de José Luiz Alves, que está apreensivo com o julgamento enquanto deveria comemorar sua nova idade. Pagliuso disse acreditar que seu cliente será libertado da condição de réu por um julgamento técnico, “porque ser réu já é um aprisionamento em si”.
Edição: Lana Cristina