Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Rogério Tolentino, advogado das empresas de Marcos Valério, confessou que tomou um empréstimo de R$10 milhões no Banco BMG, a pedido da empresa de publicidade SMP&B, disse hoje (7) o advogado Paulo Sérgio Abreu, durante julgamento no Supremo Tribunal Federal. Segundo o defensor, Tolentino repassou três cheques em branco assinados a Marcos Valério, porém nunca deu dinheiro a deputados do PP.
“Ele tomou esse empréstimo a pedido da SMP&B. A própria empresa calçou um empréstimo com um CDB. Ele vai a SMP&B e dá ao Marcos Valério três cheques assinados em branco. Marcos Valério chama a denunciada Simone [Lobo, ré no processo do mensalão] e pede para preencher os três cheques com importâncias diversas. Ela os remete, por ordem de Marcos Valério, para três deputados do PP – Renato Janene, Pedro Henry e Pedro Corrêa”, disse Abreu.
Durante a sustentação oral, Abreu também contestou a acusação que pesa sobre Tolentino de prática de corrupção, argumentando que ele nunca foi sócio, dirigente ou gestor das empresas de Marcos Valério.
Para o advogado, as denúncias do Ministério Público Federal (MPF) contra seu cliente são “confusas” e isso fez com que o relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, cometesse equívocos ao classificar Tolentino como sócio de Valério. “Essa denúncia é um roteiro para novela das 8. Foi puxando daqui, esticando de lá e chegando ao estrondoso número de 40 [número inicial de réus do processo]. Formou três quadrilhinhas para formar um quadrilhão. Esse foi um desejo da Procuradoria-Geral da República. A denúncia, inclusive, leva o eminente relator a cometer enganos”, criticou.
Segundo o MPF, Tolentino participava do chamado núcleo operacional do mensalão, que também era integrado por Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Simone Vasconcelos e Geiza Dias. O grupo é acusado de oferecer a estrutura empresarial necessária à obtenção dos recursos que seriam aplicados na compra de apoio parlamentar. Tolentino responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa.
Na peça do processo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel alega que as provas colhidas demonstraram que a atuação de Marcos Valério, Rogério Tolentino, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz sempre esteve associada ao Banco Rural e a seus principais dirigentes.
No entanto, de acordo com Abreu, Tolentino nunca obteve empréstimos no Banco Rural e não fez lavagem de dinheiro. O advogado disse ainda que ele recebia honorários da SMP&B por caixa 2 e não contabilizava no Imposto de Renda. “Na pessoa física, o Rogério recebeu a importância de R$1,49 milhão. Não existe nos autos nenhuma prova que esse dinheiro fosse para uma terceira pessoa ou que tenha voltado para a SMP&B. Ele gastou com ele. Então, onde é que tem lavagem?”
Abreu aproveitou a sustentação oral para criticar a acusação do MPF. “Algum auxiliar do eminente procurador-geral, que fez a sustentação da denúncia, que tenho como ruim e fraca, teve preguiça mental de ler esses autos”.
Edição: Lana Cristina