Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O motivo do nome do ex-deputado federal José Genoino estar entre os acusados de envolvimento no mensalão é apenas o fato dele ter sido presidente do PT, afirmou hoje (6) o advogado Luiz Fernando Pacheco, ao apresentar a defesa de seu cliente no Supremo Tribunal Federal (STF). Genoino é um dos réus do processo do mensalão, ação que está sendo julgada desde a última quinta-feira (2).
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, ele negociava concessão de vantagens pessoais com parlamentares em troca de apoio para o governo.
Segundo Pacheco, o ex-presidente do PT nunca tratou de finanças dentro do partido, pois cuidava apenas das relações da legenda com a militância e com as bases do governo no Congresso Nacional. O advogado disse ainda que Genoino era avalista dos contratos de empréstimos do Banco BMG, confiando na legalidade do que era negociado pelo então tesoureiro Delúbio Soares, no início de 2003.
“O PT estava com as finanças em frangalhos, por dívidas das eleições de 2002 e porque os diretórios estaduais estavam todos inadimplentes. São dois contratos dos que foram firmados para que o Partido dos Trabalhadores saldasse suas dívidas. Esses dois contratos são absolutamente legítimos”, argumentou.
Para Pacheco, é impossível dizer que o Genoino tenha integrado uma quadrilha, pois ele não praticou crime algum. “O Genoino não conhece ninguém do núcleo financeiro e ninguém do núcleo operacional. Associou-se por um projeto político e não para praticar qualquer crime”.
Durante a defesa, o advogado também citou a trajetória política de Genoino e afirmou que o réu nunca usou a política para obter ganhos pessoais. “Era um homem generoso e solidário. Sempre com ética e integridade, um homem pobre, que jamais teve qualquer ganho pessoal na vida pública O mensalão é algo que nunca existiu.”
Na última sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 réus do processo do mensalão. Segundo ele, foi o “mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público” da política nacional. Os réus foram divididos em três núcleos: político, operacional e financeiro.
Genoino é citado no processo como integrante do núcleo político, ao lado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e do ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares, além dos parlamentares dos partidos beneficiados pelo esquema – PL (hoje PR), PTB e PP.
O procurador-geral pediu a condenação de Genoino, que atualmente é assessor especial do Ministério da Defesa, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Edição: Lana Cristina