Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A 5ª Conferência Latino-Americana em Câncer de Pulmão começa na tarde de hoje (25) e segue até a sexta-feira (27), em um hotel na zona oeste da capital fluminense. O encontro bienal é parte da série de atividades regionais da Associação Internacional para o Estudo de Câncer de Pulmão, entidade que congrega pesquisas de especialistas, principalmente pneumologistas, sobre as diferentes formas da doença, considerada altamente letal e o tumor maligno com maior incidência no mundo.
Entre os temas em discussão estão mudanças na quimioterapia com o uso de drogas-alvo (medicamentos que atacam pontos específicos das células), a radioterapia e a cirurgia vídeo assistida. O uso de técnicas de rastreamento no tratamento da doença também pautará parte das discussões da conferência.
“Embora haja estudos no sentido de fazer a detecção precoce dos tumores desde a década de 1970, apenas no ano passado foi feito estudo, abrangendo 70 mil pessoas, em que o diagnóstico mais cedo teve redução relevante na mortalidade”, afirmou Mauro Zamboni, coordenador do grupo multidisciplinar de pneumologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O estudo abre espaço para a diminuição dos índices de letalidade da doença, que historicamente é o mais elevado dentre os tipos de cânceres. Em 2009, 21.069 pessoas morreram no país vítimas da doença, conforme dados do Inca.
Um dos fóruns de hoje, paralelo à conferência, vai debater a prevenção e controle da “epidemia” do tabaco. A classificação como epidemia não é casual. Zamboni, que defende a proibição e banimento do tabaco, aponta que mais de 90% dos tumores no pulmão ocorrem em fumantes. “[O câncer de pulmão] é o tumor que mais mata e continua sendo uma epidemia mundial. Apesar de todas as leis restritivas, em diversos países, calcula-se que 47% dos homens e 15% das mulheres fumam”, disse Zamboni.
O pesquisador alerta para o aumento no número de mulheres fumantes, principalmente entre as mais jovens. Em 2012, estima-se 27.320 novos casos de câncer de pulmão no Brasil, sendo 17.210 em homens e 10.110 em mulheres, de acordo com o Inca.
Amanhã (25) e na sexta-feira (26), estão programadas apresentações com palestrantes de renome internacional, sendo a maioria vinda dos Estados Unidos e da Europa. Apesar do crescimento de pesquisas na área na América do Sul, a predominância dos estudos norte-americanos e europeus ainda perdura. O pneumologista, que preside a conferência e o comitê científico, salienta que o volume menor de produção científica no Brasil e em outros países latino-americanos está relacionado à limitação de recursos financeiros.
Edição: Carolina Pimentel