Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampadas numa área da Fazenda Toca da Raposa, em Planaltina (DF), a cerca de 60 quilômetros do centro da capital federal, têm dificuldades para se manter no local. A falta de água é um dos principais problemas enfrentados pelas cerca de 600 famílias.
Segundo a coordenadora do movimento, Adriana Fernandes, os sem-terra dependem da Administração Regional de Planaltina e da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) para ter água potável. Como o acampamento têm apenas quatro meses, a produção de alimentos ainda é insuficiente para abastecer as famílias, disse a coordenadora.
“Parte das pessoas trabalha fora [nas cidades próximas] e nesse período de quatro meses que estamos vivendo no acampamento não é possível viver da produção [local], porque não deu o tempo para ter alguma [produção]. Temos suporte da administração de Planaltina para termos água potável e da Caesb”, disse.
Ao redor de alguns barracos, as famílias organizaram hortas onde plantam cebolinha, coentro, tomate, pimentão e pequenas culturas. Próximo a entrada do acampamento é possível ver uma plantação de milho. Dentro do acampamento há também um pequeno galinheiro. Quem cuida das aves é Celso Mroskowsky, 51 anos. Ele disse que os animais são vendidos ou abatidos para consumo das próprias famílias. “No futuro, quando conseguirmos a posse da terra, minha intenção é aumentar a produção e ter umas 15 mil aves”, disse. Ele mora no acampamento com a mulher, e os filhos visitam no fim de semana.
A desocupação da área da fazenda onde os sem-terra estão acampados deveria ter ocorrido hoje (19), mas, segundo a Polícia Militar, foi adiada por determinação da Justiça por causa de questões operacionais. Uma nova data para o cumprimento da decisão judicial ainda vai ser definida.
As famílias de sem-terra afirmam que vão resistir à tentativa de tirá-las do local. O grupo reivindica que a terra, que já vinha sendo utilizada por um fazendeiro para o plantio de soja, seja retomada e destinada à programas de reforma agrária. A Agência Brasil não conseguiu contato com o fazendeiro ou seus representantes. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), ligada ao governo do Distrito Federal, garantiu ser a legítima dona de parte da área ocupada.
Edição: Carolina Pimentel