Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A decisão, anunciada por um grupo de deputados do Parlamento Europeu, de que a União Europeia suspenderá as negociações em curso com o Mercosul devido à destituição do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, não deve tornar-se realidade, segundo negociadores brasileiros. De acordo com esses diplomatas, os parlamentares se referem às questões políticas, e não econômicas e comerciais, entre os dois blocos.
No começo desta semana, o comissário do Comércio da União Europeia, o holandês Karel de Gucht, conversou com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informando que a disposição dos europeus é de retomar o diálogo com o Brasil e os demais integrantes do Mercosul – Uruguai, Argentina e Venezuela.
O Brasil tem uma posição confortável, apesar da sinalização de eventuais impedimentos por parte do Parlamento Europeu de negociações com o Mercosul. A preservação das relações é garantida porque há uma parceria estratégica entre o Brasil e a União Europeia. A expectativa é que o assunto seja tema de uma reunião conjunta dos integrantes do Mercosul no final do mês.
Ontem (18), em Assunção, capital paraguaia, uma missão de deputados do Parlamento Europeu anunciou que a destituição de Lugo, em junho, gerou a interrupção das negociações, não só com os paraguaios, como também com os demais países do Mercosul.
De acordo com o líder da missão, as negociações serão retomadas após as eleições presidenciais do Paraguai, em 21 de abril de 2013. A medida foi tomada após conversas com vários setores da sociedade paraguaia e também análises de relatórios referentes ao impeachment de Lugo, em 22 de junho.
Lugo foi destituído do poder após a conclusão de um processo de impeachment que levou menos de 24 horas, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ele foi substituído pelo vice-presidente da República, Federico Franco. Porém, Lugo diz que foi vítima de um golpe de Estado. Ele anunciou que será candidato ao Senado – que dispõe de 45 vagas - em abril de 2013.
A destituição de Lugo levou o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) a suspender o Paraguai de suas reuniões até as eleições gerais de 2013. Para os líderes internacionais, houve ruptura democrática no país, promovendo o impeachment em um prazo considerado incapaz de garantir direito de defesa a Lugo.
Edição: Davi Oliveira