Fernando César Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – Com mais nove vítimas no Paraná e quatro no Rio Grande do Sul subiu para 108 o número de mortes em consequência da influenza A (H1N1) – gripe suína, na Região Sul (52 em Santa Catarina, 33 no Rio Grande do Sul e 23 no Paraná). Os três estados já contabilizam 1,6 mil casos da doença. As informações são de autoridades locais da área de saúde.
Na próxima quinta (19) e sexta-feira (20), técnicos da Secretaria de Saúde do Paraná irá vão se reunir com os colegas do Ministério da Saúde quando serão disponibilizados todos os dados sobre a doença no estado. "Criamos a Comissão Estadual de Infectologia e vamos disponibilizar os dados que já temos ao ministério, em uma reunião marcada para quinta e sexta-feira em Brasília", disse o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.
Dos 23 mortos no Paraná, 20 teriam outras doenças associadas, segundo a secretaria. Entre as doenças estariam a pneumopatia, asma, cardiopatia, tuberculose e leucemia. Parte deles também buscou o tratamento no estado avançado da gripe.
"O tratamento com o Tamiflu precisa ser precoce. Quem tem febre acima de 38 graus, dor de garganta e tosse, geralmente tosse seca, tem que procurar assistência [rapidamente]", orienta o médico infectologista Moacir Pires Ramos. "E o médico tem que prescrever o antiviral, não dá tempo de esperar para saber se o caso é grave ou não", disse.
Na última sexta-feira (13), o ministério divulgou um levantamento segundo o qual metade dos pacientes que morreram em Santa Catarina teve acesso tardio ao antiviral oseltamivir, conhecido pelo nome comercial Tamiflu. Uma equipe de técnicos também foi enviada ao Rio Grande do Sul.
Ramos, que integra a comissão montada pelo governo do Paraná, explicou que o número de casos da doença registrados este ano não é algo inesperado. "A literatura médica mostra que, sempre que surge um vírus novo, ele faz uma onda grande [de casos] e, depois, ondas menores, secundárias, até o vírus se tornar sazonal", disse o infectologista. "O que estamos vendo agora não é nada de excepcional, é uma onda de menor intensidade que não se compara ao que houve em 2009", completou.
O estado recebeu no último sábado (14) do Ministério da Saúde um lote extra com 200 mil doses de vacinas contra a gripe, o que eleva para 2,2 milhões o total de doses destinadas ao estado. As novas doses serão disponibilizadas para os mesmos grupos de risco, com algumas ampliações desses grupos, conforme cada município.
"A vacina contra a gripe tem duração de um ano, nenhum país é capaz de imunizar todo mundo anualmente", disse Moacir Pires Ramos. "O remédio está disponível, é só prescrever. E adotar as medidas de precaução, como lavar as mãos ou usar álcool em gel, o que também evita outras doenças, como diarreia e meningite."
Os médicos de todo o país estão orientados a prescrever o Tamiflu aos pacientes que apresentarem quadro de síndrome gripal, mesmo antes dos resultados de exames ou sinais de agravamento. O medicamento é mais eficaz nas primeiras 48 horas desde o início dos sintomas.
Edição: Aécio Amado