Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Malabares, acrobacia de solo, monociclo, tecido e trapézio. Esses são alguns exemplos de linguagens circenses que fazem parte do Programa de Formação do Artista de Circo (Profac) da Escola de Circo Crescer e Viver, no Rio de Janeiro, que tem inscrições abertas até a próxima sexta-feira (13). São oferecidas 20 vagas a jovens de todo o Brasil e da América Latina com idades entre 15 e 24 anos, que tenham concluído o ensino fundamental. O curso, com duração de três anos, é gratuito.
A instituição é uma das mais tradicionais organizações do circo social brasileiro. Criada há dez anos, integra da Rede Iberoamericana para o Desenvolvimento das Artes Circenses e tem a chancela da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Também atende, com atividades lúdicas e educativas, a dezenas de crianças e jovens carentes, que frequentam a sua lona, instalada permanentemente na Praça Onze, centro da capital fluminense.
De acordo com o coordenador de projetos da escola, Wilson Costa, durante o programa, os alunos aprendem além das técnicas e habilidades específicas, conteúdos voltados para a atuação no mercado, reforçando a carreira circense como uma alternativa viável profissionalmente.
“É uma arte complexa e a gente agrega ao ensino delas uma carga de estudo para produzir a estética desejada. Temos também uma parte de pedagogia circense, então se o jovem quer ser artista, mas gosta de educar, poderá fazer parte de programas de educação pelo circo. Eles têm ainda aulas de empreendedorismo, para que saibam formatar projetos, estabelecer ligações com parceiros financiadores e são muito estimulados a ter seu número e formar grupos que possam fazer apresentações”.
Ele acrescentou que os participantes do programa de formação entram em contato com um repertório artístico qualificado, uma elevada percepção estética e uma ampla disposição para a pesquisa e experimentações na linguagem circense. Segundo ele, é possível viver do circo e surgem muitas oportunidades de atuação nos mais variados eventos.
Wilson Costa enfatizou, ainda, que o circo é uma importante ferramenta de inclusão social, sendo o motor de muitos projetos que, por meio da valorização da arte e da cultura, abrem espaço para crianças e jovens de comunidades carentes.
“O circo é uma organização horizontal, com todos os atores manipulando materiais e equipamentos, e tem um fazer coletivo que é muito forte. Isso o define como uma efetiva ferramenta de inclusão social. Fora que ele é sempre contemporâneo Foi inventado no século 18 e vem até hoje chamando um público considerável para assistir às apresentações, surpreender-se e emocionar-se”.
O diretor de capacitação profissional do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão de São Paulo, Paulo Pompeu, disse, no entanto, que no Brasil há uma carência muito grande de escolas de formação na área. Para ele, seriam necessárias políticas públicas específicas para estimular a difusão da arte e da profissão pelo país.
“Os palhaços que vemos na televisão hoje são do mesmo estilo do que víamos há décadas. O circo precisa se modernizar e inovar e como há poucas escolas pelo país não é isso que vemos”.
De acordo com a Associação Brasileira do Circo não há levantamento exato sobre o número de artistas da categoria no país.
Edição: Rivadavia Severo