Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Belezas naturais e harmonia com o homem fizeram do Rio a primeira cidade do mundo a receber o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A escolha ocorreu neste domingo (1º), em votação na 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que está reunido em São Petersburgo, na Rússia, desde o dia 25 de junho.
A candidatura do Rio foi apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que discursou em português ao fazer a defesa da cidade, e o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, acompanharam os trabalhos e comemoraram a decisão, que resultou na inclusão de mais um bem brasileiro na Lista de Patrimônio Mundial, o décimo nono.
Por meio da assessoria de imprensa do Iphan, Ana de Hollanda declarou que “o resultado é consequência de um estudo minucioso em que se avaliou a forma criativa com que o habitante se adaptou à topografia excepcionalmente bela e irregular da cidade, inventando modos inéditos de usufruir a vida”.
Já Almeida observou que “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”.
De acordo com o Iphan, a partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando à preservação de sua paisagem cultural. São eles o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e a famosa Praia de Copacabana, além da entrada da Baía de Guanabara. Os bens cariocas que agora são patrimônio mundial incluem ainda o Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e a Enseada de Botafogo.
Em setembro de 2009, o Iphan entregou à Unesco o dossiê completo da candidatura do Rio, justificando seu valor universal pela interação da sua beleza natural com a intervenção humana.
O conceito de paisagem cultural foi adotado pela agência das Nações Unidas em 1992 e incorporado como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais, conforme a Convenção de 1972, que instituiu a Lista do Patrimônio Mundial.
Até o momento, os sítios reconhecidos mundialmente como paisagem cultural relacionavam-se a áreas rurais, a sistemas agrícolas tradicionais, a jardins históricos e a outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo. “O reconhecimento do Rio de Janeiro culminará uma nova visão e abordagem sobre os bens culturais inscritos na Lista do Patrimônio Mundial”, avalia o Iphan.
O Brasil tem, além do Rio, 18 bens culturais e naturais na lista de 911 bens reconhecidos pela Unesco. Eis a lista:
Culturais
- Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, Minas Gerais (1980)
- Centro Histórico de Olinda, Pernambuco (1982)
- Ruínas de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (1983)
- Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas (1985)
- Centro Histórico de Salvador, Bahia (1985)
- Conjunto Urbanístico de Brasília, Distrito Federal (1987)
- Centro Histórico de São Luís, Maranhão (1997)
- Centro Histórico de Diamantina, Minas (1999)
- Centro Histórico de Goiás, Goiás (2001)
- Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe (2010)
Naturais
- Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986)
- Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997)
- Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998)
- Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999)
- Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000)
- Pantanal Mato-Grossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000)
- Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001)
- Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001)
Edição: Lana Cristina